quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Só mais um post sobre Doctor Who...

Bom, talvez você já tenha ouvido falar do seriado Doctor Who e de como os “whovians” (tremble trekkers!) estão em polvorosa porque neste próximo sábado, dia 23 de Novembro, a série completa 50 anos de sua primeira exibição, com um especial em 3D que será transmitido em vários cinemas pelo mundo, inclusive no Brasil. Então, vou fazer aqui uma panorâmica sobre a série, com minhas opiniões e minhas considerações (ou seja, não me xingue se você não gostar do que ler – se você for whovian, leia o final do texto e depois volte para cá, ok?).



Meu primeiro contato com Doctor Who foi em 2007. Não lembro exatamente como ou porquê... Talvez eu estivesse procurando por uma nova série de ficção científica para assistir, mas o mais provável é que eu tenha procurado por algo como “temas de séries” no Youtube e acabei vendo algum vídeo da série. Então, bastou googalizar um pouco para saber que a série existiu de 1963 até 1989, com um telefilme em 1996 e que havia sido “regenerada” em 2005. Naquele momento, a série estava na 3ª temporada (que no Reino Unido eles chamam de Series 3) e era quase desconhecida aqui no Brasil, apesar de bastante popular na terra da rainha. Descobri isso de duas formas bem “bacanas”: primeiro, para baixar a série, que era um sufoco. Achar links para baixar e que ainda tivessem legendas disponíveis (meu inglês até dá pro gasto, mas meu ouvido é americano de formação e eu era praticamente virgem em séries britânicas) foi uma tarefa bastante complicada. Graças a algumas boas almas, encontrava alguns arquivos RMVB legendados, disponíveis no saudoso Megaupload e assim me dispus a assistir a Series 1, a primeira temporada da “nova série” (explico melhor já já), e logo em seguida a segunda, e logo em seguida a terceira!

Trailer da Series 1:



Virei fã quase que instantaneamente e aí veio a segunda coisa chata da série ser desconhecida por aqui: falar sobre ela. As pessoas me perguntavam sobre as séries que eu gostava e eu dizia, dentre várias, que gostava de Doctor Who, o que geralmente era seguido por “Hein?” “Essa eu não conheço, é tipo House?”. Então, eu dizia meio sem jeito que era “sobre um cara que viaja no tempo e no espaço, enfrenta alienígenas e encontra figuras históricas e tudo num visual meio de série infanto-juvenil”. Normalmente eu me sentia meio culpado por gostar da série e emendava um “não sei se você iria gostar, ela não parece ser feita para adultos, acho que é para crianças ou adolescentes”. Aí então recebia uma resposta do tipo “Ah, entendi, tipo aquelas séries da Disney?” =P

Enfim, desde então tenho sido muito fã da série. Por motivos diversos, depois de ver a 3ª temporada entre 2007 e 2008, fui ver metade da 4ª temporada somente em meados de 2009 e só terminei de ver essa temporada entre final de 2011 e começo de 2012, quando descobri que o Doctor havia sido trocado novamente (explico já já). Neste momento, fiz o favor de apresentar a série à minha companheira e ela imediatamente virou fã também, sendo hoje, muito mais whovian que eu, devo dizer... 
Aí vieram as trevas! Nos últimos 2 anos a série ficou extremamente popular, tanto nos EUA quanto aqui no Brasil, tendo uma incrível massa feminina de fãs, a maioria com menos de 25 anos. Muito se deve ao showrunner (produtor responsável pela série) atual e seu 11º Doctor, ambos frutos de muita polêmica e discussão entre os fãs da série (o que não é diferente em fãs de Star Wars, Star Trek, Senhor dos Anéis, Harry Potter, etc.). Eu, por escolha, preferi sempre ficar à margem desse mimimi todo. Tem coisas que gosto e coisas que não gosto e guardo essas coisas para discussões saudáveis com pessoas próximas a mim. Nada de voltar ao tempo de Orkut e brigas sem fim em comunidades...

Mas e aí? Tudo bem, já disse sobre minha experiência com a série e... é hora daquela panorâmica sobre a série, para você não ficar perdido e não se sentir um ET quando vir aquele monte de gente no shopping, neste sábado 23/11, vestidos com gravatas borboletas, ternos azuis ou marrons com All-Star e cachecóis coloridos com 3 metros de comprimento (eu tenho um!).

Bem, Doctor Who é uma série britânica de ficção científica, criada em 1963 com a intenção de levar ao ambiente familiar (principalmente às crianças) aventuras que enriquecessem o interesse por Ciências e História. (Você pode ler quase tudo sobre a série e sua criação na página no Wikipedia, que tem bastante coisa: http://pt.wikipedia.org/wiki/Doctor_Who). O Omelete também entrou na onda e fez um resumo no estilo “tudo que você precisa saber”: http://omelete.uol.com.br/doctor-who/#.Uo4mnx3HsVw



Na série, um alienígena de Gallifrey, planeta dos Senhores do Tempo, autodenominado apenas de “Doctor”, viaja pelo tempo e espaço, quase sempre com uma “companion” (ou vários companheiros, em alguns casos), vivendo aventuras contra “alienígenas e fantasmas do passado”. Sempre a bordo de sua TARDIS (acrônimo de Time And Relative Dimensions In Space – Tempo e Dimensão Relativas no Espaço), uma espécie de nave viva, que teve seu sistema de camuflagem travado com a aparência de uma cabine telefônica da polícia britânica dos anos 1950. Não é à toa que Douglas Adams, criador da série O Guia do Mochileiro das Galáxias, já escreveu episódios para a chamada série clássica (de 1963 à 1996). É perceptível certa semelhança em alguns momentos, com criaturas e coisas que parecem absurdas, como a TARDIS ser do tamanho de uma cabine telefônica por fora e quase infinita por dentro (como visto nos últimos episódios da 7ª temporada da série atual).

Nos anos “clássicos”, de 1963 à 1989, a série tem um aspecto obscuro e “low-tech”, beirando entre o tosco e o amador quando se trata de figurino, cenário e efeitos, mas foi de extrema importância e, como quase todo inglês costuma dizer, “as crianças eram doidas para ver, escondidas atrás do sofá, numa mistura de medo e encantamento”.  Quando o ator que interpretava o Doctor ficou doente, roteirista e produtores encontraram como saída a ideia de que o personagem se regenera, sendo substituído por outro ator. Após a regeneração, não só o ator muda, mas alguns aspectos da personalidade do Doctor, apesar da consciência ser a mesma. Por isso motivo, na série os “Doctors” são chamados de 1st Doctor, 2nd Doctor e assim por diante (o tal do cachecol colorido é do “quarto doutor”, ou 4th Doctor, quando a série clássica ficou mais popular entre os cidadãos britânicos).

Todos os “doutores” até o momento:


Recomendo que assistam ao especial que a BBC fez e irá ao ar aqui no Brasil pela BBC HD neste sábado 23/11, às 19h30, ou baixe e assista assim que possível. Ele conta como a série começou, com atores que impressionam, de tão parecidos com os originais:



Em 1989, a BBC suspendeu a produção da série, pois não era capaz de concorrer tecnicamente com produções de ficção científica norte-americanas. A possibilidade de volta da série veio em 1996, com um telefilme coproduzido com as americanas Fox e Universal, já com efeitos melhores. Porém a série, apesar de ter ido bem no Reino Unido, não teve o mesmo efeito nos EUA  (nem com a “hollywoodização" da série, já que o filme é uma versão muito “americanizada" de Doctor Who). Como não teve a audiência esperada, continuou o hiato de produção.
Em 2005 a BBC trouxe de volta a série, não como remake, mas continuando a saga da série clássica (se você procurar por aí, verá que a série é dividida em série de 1963 e série de 2005 – no IMDB inclusive – mas uma é continuação da outra, sendo possível o entendimento e acompanhamento da atual sem necessariamente ter que assistir à clássica), desta vez com uma produção muito mais sofisticada e que só tem melhorado desde então, ainda mais com a popularização tardia da série nos EUA.

O “Nono Doutor”, vivido por Christopher Eccleston durou somente essa 1ª nova temporada, sendo substituído por David Tennant, o décimo Doctor (e o preferido da mulhereada) e, na 5ª temporada, foi substituído pelo Doctor atual, que dará lugar, na 8ª temporada (só em Agosto de 2014), ao 12º Doctor, que será vivido pelo ator Peter Capaldi. Se quer ter uma ideia da popularidade de cada um, basta pesquisar no Youtube por “9th”, 10th” e “11th”, acrescido de “Doctor Who”. Sério.

E agora, 50 anos depois de sua criação, a série ganhará um especial pra lá de bem produzido, em 3D e que será transmitido simultaneamente nem vários lugares do mundo, inclusive no Brasil:


Eu recomendo que você, fã de ficção científica, assista a Doctor Who. Sério, de verdade. Assista a série atual, deixe pra ver a clássica se você virar fã...

Alguns episódios serão difíceis de assistir, como em toda série, mas se você for como eu, tem uns que irão terminar e você estará no sofá, de boca aberta, com um belo de um palavrão pronto pra sair por ela! 
Na 1ª temporada, eu fico assim toda vez que assisto ao último episódio, e descobrir o que significa Bad Wolf (não, não é aquele dos Três Porquinhos). Na 2ª, te desafio não parar para pensar em todas as religiões depois de assistir ao episódio 9 (The Satan Pit) e, se você for mulher, a não chorar no final da temporada com o episódio Doomsday (se você for homem ficará de boa aberta – porque o episódio é foda – e entenderá porque todo whovian ama a Rose e adora usar óculos 3D antigos). Na 3ª temporada você já estará querendo aprender a falar Jodoon, vai passar a ter medo de estátuas (sério) e, como se já não bastasse amar os Daleks (melhores vilões da série), incluirá na sua lista de vilões o Master, senhor do tempo rival do Doctor. Na 4ª temporada, passará a ter simpatia eterna pelos Oods, irá se deparar com outro vilão foda, o Vashta Nerada, e conhecer uma das melhores personagens da série, a River Song (não vou contar nada sobre ela... spoilers! Hehe) e surtar quando não só ver os Daleks de novo, como “liderados” pelo seu criador Davros. Assistirá aos especiais pós-4ª temporada e então terá um novo choque desde de Doomsday: a mudança não só do décimo Doctor para o décimo-primeiro, como também do showrunner produtor da série e, consequentemente, de toda a “cara” da série!


 A 5ª temporada será difícil (tanto de ver, quanto entender, principalmente na história final da temporada, sobre Pandorica), mas recompensada com as aparições de River Song. A 6ª temporada é a “temporada do ódio”, aquela em que você passa a odiar o showrunner. River Song estará lá, mas não da maneira que você gostaria. Minha opinião: os melhores episódios dessa temporada são aqueles que não tem a ver com o arco narrativo da temporada: The Doctor’sWife (escrito por Neil Gaiman) e The God Complex (que lembra uma mistura de O Iluminado com Labirinto do Fauno). Na 7ª temporada você já estará naquele patamar “vou ver porque sou fã”, mas se surpreenderá com a segunda parte da temporada, em que a série melhora muito desde a mudança, e a curiosidade para saber mais sobre a Clara Oswald, a Time War e a TARDIS só aumenta. A essa altura, você já estará doido para ver David Tennant e Matt Smith juntos e a volta da “Rose”, se arrependendo amargamente por não ter ido ver The Day of the Doctor junto com outros whovians no cinema, hehe.


Você já deve estar me odiando por ter feito um post enorme fazendo propaganda da série e por ficar falando em “whovians” e não revelar muito da série. O que fiz aqui foi só contar minha experiência com a série e dar uma geral no tema Doctor Who. É uma série fantástica, e como toda boa série de ficção, tem elementos cativantes e fica difícil não adorá-los depois que se vira fã: o tema de abertura, o herói misterioso e cheio de defeitos, trama complexa beirando o bizarro, companheiras do herói que apaixonam, alguns vilões toscos e alguns vilões para toda a vida... Tudo está lá!

Você também não precisa virar um "whovian". Até porque, igual a qualquer outra série com muitos fãs, a maioria é associada à minoria e, assim como fã extremo de Star Wars, Star Trek, Senhor dos Anéis, Harry Potter, Crepúsculo, Teatro Mágico, Raul Seixas e Legião Urbana, alguns whovians às vezes são muito chatos. Principalmente os adolescentes. Mas sem eles, a série não teria ficado tão popular, sendo possível a existência de sites especializados na série, como o Whovians e o Universo Who, e quase-tiozinhos como eu ainda estariam sofrendo para acompanhar a série. De forma alguma existiria a possibilidade de assistir a um especial da série num cinema brasileiro, em 3D e com transmissão simultânea (aliás, se não fosse pelos whovians, o número de salas de cinema a exibirem o especial não teria aumentado exponencialmente).

O fandom de Doctor Who é grande e poderoso, e sem ele a série ainda estaria perdida nos confins obscuros do universo, cobertos pelo enorme planeta chamado Hollywood, que deixa pouca luz para o que não vem de lá. Na verdade, deveríamos aprender com whovians e BBC, e acreditar que uma série não-americana pode ser boa e duradoura! =)

2 comentários:

  1. Eu estou no momento no final da sexta temporada, dormindo com os episódios. Steven Moffat embora busque acrescentar mais complexidade, deixou a série mais enjoativa, vejo que Doctor Who perdeu muito das características inusitadas do começo e agora me parece uma série qualquer. Está com menos humor e mais terror, até mais trágica, também observo que o clima de aventura e situações inusitadas deram espaço para cenários quase sempre internos, problemas "domésticos", situações que se repetem.

    ResponderExcluir