"They wouldn't dare"
Olá amigos, vamos começar mais um ano, mas antes, vamos para a nossa tradicional lista de melhores filmes do ano anterior. E este ano eu resolvi juntar com a lista de piores, já que teremos um post exclusivo para uma lista de melhores filmes da década de 2010’s.
Como sempre, não deu para ver tudo que eu queria. E esse ano foi pior, já que tive pouco tempo para ver filmes nos dias de folga em dezembro. É quase certeza que a lista estaria um pouco maior se eu tivesse mais tempo. Filmes como The Lighthouse, Shoplifters, Dolemite is my Name e The Report ficaram de fora, mas vejo que tinham grande potencial de estarem aqui.
Mas vamos lá. Esses são os MELHORES e PIORES filmes de 2019
Ah, mas antes dê um play na playlist oficial da lista no Spotify!
32 – Shazam
Um dos filmes mais divertidos do ano. Adaptou muito bem aquele arco de estreia do personagem nos Novos 52's. É isso que a DC/Warner precisa fazer. Pegar o que funcionou nos quadrinhos e adaptar quase tudo para a tela grande.
Só não é 10 porque o "Cavilzaço da Massa e nem o The Rock apareceram. Porra, sacanagem da Warner com o Cavil e já poderiam hypar ainda mais o Adão Negro.
31 – I Trapped the Devil
Filme indie de Terror do ano. Josh Lobo consegue tirar leite de pedra com este filme.
Premissa básica:
Um homem diz que prendeu o Diabo em seu porão. Durante a noite de Natal, seu irmão e sua cunhada chegam para passar o feriado na casa. Quando descobrem o que está acontecendo o clima fica realmente tenso. Ele está realmente com o Diabo no porão ou é uma outra pessoa? Por que ele fez isso?
Não é um terror clássico. Não espere sustos violência gratuita aqui. O verdadeiro terror vem da mente humana e suas atitudes.
30 – Eli
Incrível como a Netflix não sabe escolher bem os projetos para divulgar. Bons filmes como ELI passam quase desapercebidos pelo público.
Gostei muito da premissa. A criação dos Jump Scares foi bem-feita e o final é muito bom.
É uma nova ideia para um subgênero do Terror que é bem batido. Achei decente e bem competente.
29 – Cemitério Maldito
Stephen King tem várias obras adaptadas e sempre dá para melhorar um pouco. Essa nova versão é bem fiel ao livro e tem um ritmo parecido com o filme dos anos 80. Algumas coisas foram mudadas, principalmente no fim do filme. Adorei a "troca" das crianças. A Ellie é uma ameaça mais sinistra do que o garotinho do filme dos anos 80. O tema de religião vs ateísmo foi um pouco mais abordado nessa nova versão.
Os grandes destaques do filme são o gato Church e a atriz que interpreta a Ellie. O Church realmente é bem mais "participativo" nesta versão. A Ellie no final bota bastante medo também, já que ela é uma ameaça séria para todos os envolvidos. O final desta versão é bem mais sinistro do que a do filme original. Alguns clichês de filmes de terror moderno que me irritam me tiraram um pouco do filme, mas no geral é uma ótima adaptação. É melhor que o original? Não, mas é uma versão decente. Ah, e tem uma boa versão de “Pet Sematary” na trilha sonora também.
28 – Vidro
Vidro conclui muito bem essa trilogia que começou em Corpo Fechado e Fragmentado. Esses três filmes são para o cinema - e o subgênero de Super-heróis - o que WATCHMEN foi para o gênero de Super-heróis nos quadrinhos. SIM, PAU NO CU DO ZACH SNYDER!
Samuel L. Jackson e James McAvoy estão muito bem. Só achei que faltou mais Bruce Willis, mas o seu personagem é o "Herói Relutante", então meio que dá para relevar.
Acho que a edição das cenas finais foram meio exageradas também, mas essa é uma trilogia que quer explicar "muito" para o público. São aqueles diálogos meio "Nolan" para deixar tudo "explicadinho nos mínimos detalhes"
27 – Fight with my Family
Esse foi o ano da atriz Florence Pugh, e ela só está começando. Fight with my Family é o filme que conta como a wrestler Paige entrou para a WWE. É um filme bem família e que mostra muito bem como é o mundo do pro-wrestling e da WWE atualmente, mas sem ser clichê ou inocente como é esse tipo de comédia familiar.
26 – The Dirt
Filme biografia da banda Motley Crue feito pelo Netflix e que adapta o livro do Nikk Sixx. O destaque desse filme é que uma adaptação que segue bem o estilo da banda. Ela é engraçada e brinca com os clichês deste subgênero. Em alguns momentos o filme literalmente quebra a quarta parede para explicar o porquê de eles terem mudado determinada situação no filme e o que havia acontecido de verdade. Só isso já é um grande diferencial para outros filmes de artistas ou bandas.
25 – Ad Astra
Ótimo conceito. Infelizmente cai um pouco lá para o meio do filme, mas entrega um ótimo final.
Só faltou ter uma trilha melhor. Lembrei do Interstellar e de como o Hans Zimmer é metade daquele filme.
O nosso Samuel Nani fez um review do filme. Dá uma olhada lá no post dele!
24 - O Clube do Canibais
Otávio e Gilda são da elite brasileira e membros do Clube dos Canibais. Os dois têm como hábito, comer seus funcionários. Quando Gilda acidentalmente descobre um segredo de Borges, um poderoso congressista e líder do Clube, ela acaba colocando sua vida e a de seu marido em perigo.
Que grande ano para o cinema de Terror brasileiro. Tivemos o ótimo MORTO NÃO FALA e BACURAU elevando o cinema de gênero e, agora, O Clube dos Canibais aparecendo como uma grande surpresa. Imagine a elite brasileira... a famigerada "gente de bem" dos últimos anos que adora pregar a sua moralidade e bons costumes. Essa mesma gente com aquela imagem do olho com as cores da bandeira brasileira chorando no Facebook. A mesma que adora uma Fake News e que diz que livrou o país do “Mal Supremo”.
Agora adicione mais putaria e canibalismo e temos uma visão tão macabra e doentia quanto aquela mostrada em Bacurau. A direção de Guto Parente me lembrou muito o Nicolas Winding Refn e vem em uma ótima hora.
23 – Morto não Fala
Dirigido por Dennison Ramalho, o filme conta a história de um plantonista do IML de São Paulo chamado Stênio (Daniel de Oliveira). Stênio tem a estranha habilidade de conversar com os mortos. É uma habilidade que é mostrada logo no início do filme sem cerimônia e que não tem aquela típica “explicação Hollywoodiana”. Ele simplesmente tem essa habilidade e pronto. Stênio escuta lamentações e até pedidos finais dos mortos que chegam em seu plantão. Ele atende alguns pedidos simples de alguns mortos como avisar determinado parente da morte de seu familiar, mas nunca pedidos que influenciam na vida dos os que estão ainda vivos.
A rotina de Stênio é desgastante e ele quase não dá atenção para sua esposa e filhos. Isso influencia em seu casamento, já que sua esposa, Odete (Fabíola Nascimento), não vê com bons olhos o emprego de seu marido e o traí constantemente com o dono da padaria de seu bairro, Jaime (Marco Ricca). Em um de seus plantões noturnos, um vizinho acaba chegando morto no IML. Em sua última conversa com Stênio ele acaba revelando que sua mulher está tendo um caso com o Jaime. Stênio então decide ignorar o seu modus operandi com os mortos e resolve usar uma informação que ele obteve de um bandido morto em uma disputa de traficantes para poder se vingar de Jaime. Como Stênio usa seu dom de forma errada, isso acaba se voltando contra ele e seus filhos, com isso deixando sua vida ainda mais conturbada.
O filme tem uma ótima premissa e funciona muito bem em sua primeira metade. A produção é impecável e investe muito bem nos efeitos práticos. Os corpos e toda a maquiagem nos mortos é fantástica, com um grande trabalho técnico da produção. O trabalho de ambientação também é muito bom. Parece realmente um IML de uma cidade grande, com uma repartição pública suja e tipicamente brasileira. Mesmo tendo muitos atores do Sul do país, podemos ver o esforço da produção em replicar a periferia de São Paulo no filme. Infelizmente ainda temos alguns momentos duvidosos e alguns momentos absurdos de roteiro, principalmente na segunda metade do filme.
Sim, o filme consegue inverter um pouco os padrões desse tipo de produção. Geralmente o protagonista que é atormentado pela a ameaça sobrenatural é o “herói” da trama. Mas aqui meio que esse papel é invertido e temos a ameaça sobrenatural com uma motivação clara e compreensível, tanto que em um determinado momento da trama você não sabe para quem "torcer". É uma visão bastante peculiar e interessante para este gênero e que dificilmente iremos ver em uma produção estrangeira. Infelizmente a execução dessa segunda metade do filme segue uma direção mais clichê, bem aos moldes dos filmes de Terror de fora. Jump Scares com música alta e um momento absurdo na história que não tem nenhum resultado real e que só serve para chocar visualmente, acabam te tirando um pouco do filme. Felizmente temos um final interessante e que compensa os momentos desconexos e estranhos do filme.
Morto não Fala é mais uma produção interessante e que tenta algo novo no cinema nacional, sem perder a “brasilidade” na tela. É uma história que aproveita muito bem as características do nosso país (NELSON RODRIGUES VIBE CHECK) e consegue “misturar” bem com elementos já tradicionais do cinema de Terror Hollywoodiano (até os ruins). O Cinema gênero brasileiro está evoluindo e esse tipo de história está ganhando cada vez mais espaço no mainstream brasileiro, com o apoio da Globo Filmes e o Telecine. Bacurau fez isso com perfeição. Morto não fala não acerta totalmente, mas mostra inteligência em subverter clichês e consegue se destacar positivamente. Espero ver mais disto no futuro.
22 – Homem-Aranha: Longe de Casa
Homem-Aranha: Longe de Casa é uma agradável surpresa. Eu não estava dando nada por este filme. Só queria ver o Mysterio e o J. Jonah Jameson. Mas não é que é um filme divertido?
É claro que ele não é melhor que os dois primeiros do Sam Raimi, mas é para o MCU em si é um grande filme.
Peter Parker é só um garoto de 16 anos que quer viajar com os seus amigos e se declarar para a MJ. O problema é que agora ele tem RESPONSABILIDADES como um VINGADOR. Nada mais Homem-Aranha do que ter o Herói tentando equilibrar a sua vida pessoal com a de super-herói. Tom Holland tem tudo para ser "O Cara" do MCU, e temos a oportunidade de ver o Homem-Aranha evoluindo nesse universo. E depois do fim deste filme o personagem vai ter muito... mas muito trabalho neste universo.
Jake Gyllenhaal é o Mysterio perfeito. O vilão teve uma ótima adaptação neste universo. É muito legal ver outros elementos de vários filmes do MCU servirem de base para o personagem. As cenas com ele na Alemanha e na Inglaterra são quadrinhos puro. A dinâmica do personagem é muito bem explorada aqui. O clima do filme e bem legal. Essa Euro Trip foi uma ótima sacada. É legal ver o personagem fora de NY. Os amigos do Peter também roubam a cena.
E a melhor coisa do filme é que um "One-shot" bem legal. Sem precisar estabelecer mais uma "grande saga" para o universo (se bem que... deixa quieto). É o Shazam da Marvel nesse ano.
21 – O Bar da Luva Dourada
Baseado nos assassinatos reais do serial killer alemão Fritz Honka, O Bar da Luva Dourada é um filme que te causa incômodo.
Incômodo de ter quer acompanhar a vida de uma pessoa horrível e desprezível. Incômodo pelas vítimas que vivem vidas tão desprezíveis quanto a do próprio Honka. Incômodo pela violência crua e direta, sem glamorizar o que aconteceu.
Mesmo com toda essa carga pesada, é um filme que em muitos momentos tenta dar uma "aliviada". Principalmente com os personagens que frequentam o Bar. A ambientação dos anos 70 é perfeita. A trilha sonora é muito legal e te faz ir atrás de todos esses artistas alemães daquela época.
20 – Homem-Aranha no Aranhaverso
Ótima animação da Sony Studios e uma grande homenagem para o personagem. Uma animação com um estilo bem próprio e que abre várias possibilidades para o personagem. Até para versões antigas como a versão atual no MCU. Sim, dá para juntar tudo. Isso tem muito potencial!
19 – Under the Silver Lake
Sam (Andrew Garfield) é um jovem meio perdido na vida, que um dia encontra a garota perfeita: sua vizinha, com quem passa uma noite. No dia seguinte, ela desaparece. Não existem mais sinais da garota, e todas as suas coisas desapareceram do apartamento onde habitava. Sam começa a investigar o caso, buscando todos os indícios possíveis: os pequenos rabiscos na parede, as mensagens escondidas em músicas. Seria tudo isso parte de uma grande conspiração, ou Sam está ficando louco?
Um dos filmes mais legais e interessantes de 2019. Ele resume de forma engraçada e irônica o mundo de Hollywood. Ora, se eles vivem em seu próprio "mundinho" como Faraós modernos, nada melhor que um enterro de Faraó, né? O filme é dirigido pelo David Robert Mitchell (It Follows e The Myth of the American Sleepover) e distribuído pela A24. O filme é tão diferente e desafiador que acabou sendo vaiado em Cannes (AH VÁ, É MESMO? O QUE ELES NÃO VAIAM LÁ?), e acabou criando um problema para a própria A24 não soube como “vender” ele. E olha que a produtora praticamente só faz filmes diferentes.
Se você quiser entender como Hollywood caga e anda para criticas e como essa galera se tornou tão cheia de sim mesmo, este é o filme. Claro, tudo isso em uma narrativa que mistura David Lynch e Alfred Hitchcock.
Se você quiser entender como Hollywood caga e anda para criticas e como essa galera se tornou tão cheia de sim mesmo, este é o filme. Claro, tudo isso em uma narrativa que mistura David Lynch e Alfred Hitchcock.
18 – Nós
Adelaide e Gabe levam a família para passar um fim de semana na praia e descansar. Eles começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém de seres com aparências iguais às suas.
Assim como Midsommar não é melhor HEREDITÁRIO, “Nós” não é melhor que “Corra!”. Jordan Peele entrega um filme competente. A premissa dos Doppelgängers e sua sociedade escondida é bem legal, mas ainda acho que Os Simpsons fez melhor em oito minutos em um Especial da Casa da Árvore dos Horrores VII.
17 – Uma História de Casamento
Nicole (Scarlett Johansson) e seu marido Charlie (Adam Driver) estão passando por muitos problemas e decidem se divorciar. Os dois concordam em não contratar advogados para tratar do divórcio, mas Nicole muda de ideia após receber a indicação de Nora Fanshaw (Laura Dern), especialista no assunto. Surpreso com a decisão da agora ex-esposa, Charlie precisa encontrar um advogado para tratar da custódia do filho deles, o pequeno Henry (Azhy Robertson).
Divórcio tratado de uma forma bem real pelo Noah Baumbach. Scarlett Johansson e Adam Driver entregam atuações magníficas. Mais um bom projeto que o Netflix comprou para o seu catálogo.
16 – Godzilla 2: Rei dos Monstros
O grande acerto deste filme foi ter respeitado a opinião e os desejos dos fãs deste tipo de produção. A Legendary poderia ter investido em uma fórmula mais “popularesca” para tentar atrair o máximo de público possível (tipo aquela trilha sonora do filme de 98), mas preferiu entregar um espetáculo que os fãs desejavam.
O filme teve uma PÉSSIMA abertura tanto no mercado americano como no mundial, sendo a pior abertura do MonsterVerse até o momento. Isso mostra que é um filme só para uma pequena parcela do público. É raro ver isso em Hollywood, mas não sei se o MonsterVerse continuará após Godzilla vs King Kong. Mesmo não tendo um grande retorno, é bom ver que uma pequena parcela fãs teve a sua voz ouvida.
15 – ALITA: Anjo de Batalha
Talvez a maior surpresa deste ano. Um filme que eu tinha poucas expectativas, mas que conseguiu cativar o meu coração em 2019. Eu esperava um novo Ghost in the Shell da Scarlett Johansson, mas acabou sendo uma competente adaptação do mangá Gunn, ou como é conhecido no Ocidente, Battle Angel Alita.
Sempre foi um projeto pessoal do diretor James Cameron, mas como ele ainda está enrolado com os filmes do AVATAR, ele acabou deixando o seu amigo Robert Rodriguez assumir a direção de Alita. Ao contrário de Capitã Marvel ou Rey dos novos filmes do Star Wars, Alita é uma personagem feminina forte e que não precisa de um empurrão da “mídia especializada” ou de agendas pré-estabelecidas por estúdios ou produtores. Ela é simplesmente FODA por ser FODA. Seu desenvolvimento na trama acontece de forma natural e bem calcado na jornada do herói clássico.
Eu realmente achei que o CGI acabaria com este filme. A ideia de deixar os olhos da personagem grandes como nos animes e mangás era bem arriscada, mas o resultado final é muito bom. Faz todo sentido para a personagem. Outro fator que ajudou muito no processo é a ótima atuação de Rosa Salazar. Uma atriz que consegue passar muito bem suas emoções com o seu rosto. A ILM conseguiu aproveitar muito bem isso na pós-produção.
14 – The Dead Don’t Die
Vocês se cobram por não ter visto um filme, gênero ou diretor em especial? Comigo essa cobrança gira em torno do Jim Jarmusch. Sério, esse cara é um gênio. Infelizmente vi poucos filmes dele, mas os que eu vi eu me diverti muito. O cara escreve muito bem os seus diálogos.
The Dead Don't Die já pode fazer parte do seleto grupo de "comédias de zumbi" junto de Shaun of the Dead e Zumbilândia. O humor peculiar e pontual do Jarmusch é sensacional, e o jeito como ele quebra a quarta parede nesse filme é hilário. Uma coisa é você esperar isso em um Deadpool da vida, outra é ver isso sendo aplicado aqui.
Incrível também o elenco deste filme. Bill Murray é um patrimônio do cinema. Esse cara é uma lenda e nunca decepciona. Adam Driver é um puta ator. É triste ver ele em um péssimo papel como o do Kylo Ren nesse novo Star Wars. É realmente um desperdício de talento.
Provavelmente a melhor comédia do ano, até porque temos poucas comédias hoje em dia.
13 – Suspiria
Suspiria é um remake do clássico de Dario Argento de 1977. O remake é dirigido por Luca Guadagnino e tem a mesma premissa do original. Ambos os filmes contam a história de uma jovem talentosa que se junta à uma companhia de dança na Europa, apenas para descobrir que a escola abriga um culto de bruxaria. Os dois tem algumas diferenças em sua ambientação. O original se passa em Roma, já o remake se passa na Berlin separada em 1977.
Se no original a direção do Dario Argento é mais genial e criativa no uso das cores, o remake consegue explorar mais a história e os personagens. Até a dança tem mais importância no remake do que no original. Guadagnino consegue até arrancar uma boa atuação da Dakota Johnson (50 Tons de Cinza) neste filme, o que é algo extraordinário já que a Dakota é praticamente uma Mariana Ruy Barbosa americana. O filme não é tão bom visualmente como o original, mas a sua montagem é muito boa. A trilha sonora da nova versão não é tão boa quanta a do original que é feita pela banda Goblin, mas tem a sua qualidade. Mesmo sendo feita pelo FILHA DA PUTA do Tom Yorke, ela consegue te deixar tenso em vários momentos.
12 – El Camino: A Breaking Bad Movie
“Dude, you're my hero and shit”
Agora sim podemos dizer que o arco do Jesse Pinkman realmente terminou. Ótimo epílogo para uma ótima série de TV. Direção sempre competente do Vince Gilligan. Fiquei tenso em vários momentos, principalmente no final e mesmo sabendo o que iria acontecer. Foi muito legal rever esses personagens e mais uma cena com grande Bryan Cranston no papel da sua vida.
Acho que ainda veremos um pouco deles no fim de BETTER CALL SAUL, mas pensando em Breaking Bad mesmo foi o final perfeito.
11 – Ford v Ferrari
Durante a década de 1960, a Ford resolve entrar no ramo das corridas automobilísticas de forma que a empresa ganhe o prestígio e o glamour da concorrente Ferrari, campeoníssima em várias corridas. Para tanto, contrata o ex-piloto Carroll Shelby (Matt Damon) para chefiar a empreitada. Por mais que tenha carta branca para montar sua equipe, incluindo o piloto e engenheiro Ken Miles (Christian Bale), Shelby enfrenta problemas com a diretoria da Ford, especialmente pela mentalidade mais voltada para os negócios e a imagem da empresa do que propriamente em relação ao aspecto esportivo.
Ótima filme sobre como a Ford bateu a Ferrari nas 24h de Le Mans de 1964. Christian Bale sempre entregando uma ótima atuação e o Matt Damon... bem, esse FDP também está bem e até QUASE me fez chorar no final. Aliás, que final foi aquele? Tinha tudo para terminar bem clichê, mas o ótimo James Mangold (LOGAN) realmente prefere terminar em uma nota mais dramática.
10 – BACURAU
Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa (Bárbara Colen), Domingas (Sônia Braga), Acácio (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo), Lunga (Silvero Pereira) e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.
Quem acompanha o MellonCast sabe o quanto nós aqui do blog reclamamos do cinema nacional, principalmente quando ele tenta emular fórmulas ou gêneros que nós estamos mais acostumados a ver no cinema de Hollywood. Bacurau consegue se destacar em ser um filme que bebe de diversas fontes “gringas”, mas sem deixar a nossa identidade de lado. Basicamente, Bacurau é um Neo-Western em um “futuro não tão distante”. O roteiro do filme é magistral, já que ele vai te dando pequenas informações sobre o que está acontecendo naquela realidade e no pequeno povoado de Bacurau. É uma história que te prende e que te faz perguntar o que está acontecendo com aquela comunidade. E vai te dando várias pistas (verdadeiras e falsas) que te jogam em várias possibilidades. Você acha que pode ter algo realmente especial, mas a realidade dura e crua vem para te dar um soco na cara no final. E não é aquele filme com diálogos de exposição preguiçosos. Aqui você precisa ir pegando as pequenas deixas do roteiro. Só por isso o filme já se destaca das produções atuais, sejam elas nacionais ou internacionais.
É impossível não traçar um paralelo com o momento atual do país na política internacional. Em um momento que vemos a soberania do país sendo atacada em temas delicados como o da Amazônia e uma relação... digamos bastante “vira-lata” com os EUA, Bacurau acerta em cheio em sua crítica política. Sim, esta terra é saqueada e vilipendiada desde o seu “descobrimento” pelos portugueses, mas aqui temos quase que uma “vingança” proposta pelos diretores e roteiristas. Uma vingança que invoca tradições históricas do Nordeste, em um contexto que continua muito atual. O filme aproveita muito bem uma certa proximidade do cangaço com a vida do velho oeste americano. Acho que são duas culturas bem parecidas, e aqui são muito bem exploradas.
Bacurau é uma obra prima do cinema nacional recente. É uma prova que podemos fazer cinema de gênero sem ser uma cópia barata ou pastiche do cinema Hollywood. O filme também prova que você pode fazer uma crítica política sem ser tão óbvia ou forçada. Um filme necessário e que vem uma hora que o cinema brasileiro REALMENTE precisa se provar.
09 – Vingadores: Ultimato
Filme que encerra a Saga do Infinito no MCU. O filme até tem resoluções previsíveis, mas você releva já que ele encerra a ótima história contada em Guerra Infinita e todo um arco de vinte e dois filmes. Nós falamos mais sobre ele no MellonCast. É um dos grandes eventos cinematográficos da década e se tornou o filme que mais arrecadou na bilheteria na história do cinema.
08 – John Wick 3: Parabellum
John Wick 3: Parabellum É UM FILMAÇO!
Como é bom ver uma franquia se estabelecendo de vez no cinema. Eu gosto de filmes de Super-herói, mas infelizmente eles meio que tomaram conta do cinema de ação "tradicional". Grandes filmes ação são cada vez mais raros na temporada de Blockbuster. Ainda temos muitos filmes ação em produções menores e direto no streaming. Quando eu vejo o sucesso do John Wick eu fico muito feliz com essa pequena volta desse tipo de produção aos "holofotes" do cinema mainstream.
É IMPRESSIONANTE como esse terceiro filme continua inovando nas cenas de luta. A criatividade é assustadora. O "Gun-Fu", mistura de artes marciais com armas de fogo abre um leque de possibilidades interessantes. Junte isso com lugares inusitados como um estábulo, e você tem produto muito original em mãos. Todas as sequências de ação foram muito bem executadas. O uso dos cachorros foi muito legal. O desenvolvimento do universo é outro destaque. Novos personagens. Novas regras. Novas consequências.
MARK DACASCOS COMO LÍDER DE UM GRUPO NINJAS É FODA PRA CARALHO! Como é bom ver o Dacascos em um grande filme. Um cara que fez história no começo dos anos 90 merecia esse papel. A galera do THE RAID também participa do filme. Outra grande adição para essa franquia.
Grande filme. Acho que essa franquia e a do Missão: Impossível ainda estão representando muito bem o cinema de ação tradicional. John Wick com um puta trabalho de coreografia e criatividade nas cenas de luta e tiroteio, e M:I na grandiosidade das cenas de ação.
Vou repetir aqui o que eu disse ano passado depois de ver o Missão: Impossível:
A GALERA DO NOVO 007 ESTÁ FERRADA! Sério, estão subindo muito nível nessas duas franquias, e o pessoal do James Bond vai ter que rebolar muito agora para chegar perto.
07 – Midsommar
Após vivenciar uma tragédia pessoal, Dani (Florence Pugh) vai com o namorado Christian (Jack Reynor) e um grupo de amigos até a Suécia para participar de um festival local de verão. Mas, ao invés das férias tranquilas com a qual todos sonhavam, o grupo vai se deparar com rituais bizarros de uma adoração pagã.
Provavelmente o filme mais esperado do ano no gênero. A expectativa era altíssima, já que era o segundo filme do diretor e roteirista, Ari Aster. Seu primeiro filme foi o aclamado HEREDITÁRIO, um dos melhores filmes de Terror da década e um dos melhores de 2018 no geral. Midsommar dividiu muito o público. Alguns gostaram e outros acharam que foi uma tremenda decepção.
Não é melhor que HEREDITÁRIO, mas é um grande filme. O trabalho técnico do Ari Aster é impecável. Fotografia e trabalho de câmera fantásticos. A história é muito boa e imagino como foi o processo de criação dela. O cara realmente gosta de rituais de culturas pagãs. Não é um filme de Terror clássico. Você é meio que arrastado para a situação como os personagens americanos são dentro do filme e você tenta entender o que é aquela celebração e o que vai acontecer no decorrer dos dias daquele festival. E quando acontece, é chocante!
Acho que ele poderia ser um pouco mais dinâmico no roteiro. Tem muitas situações e diálogos que poderiam ser encurtados, mas isso não compromete a experiência total.
06 – Doutor Sono
O diretor Mike Flanagan (Oculus, Hush, A Maldição da Residência Hill) tinha um problema grande em mãos. Ele precisava adaptar com sucesso o livro Doutor Sono de Stephen King. Nisso ele já tinha experiência, já que dirigiu o competente no filme Jogo Perigoso (Gerald’s Game). E ao mesmo, precisava continuar o filme de Stanley Kubrick. O mesmo filme que é ODIADO pelo Stephen King. Podemos dizer que era uma tarefa ingrata e quase impossível de ser realizada com perfeição. QUASE... já que o Flanagan conseguiu fazer um milagre aqui. Um milagre no nível “Denis Villeneuve” em Blade Runner 2049.
O grande trunfo deste filme é o desenvolvimento deste universo. O poder dos Iluminados é bem mais explorado nesta continuação, principalmente quando é mostrado do ponto de vista de Rose e o seu grupo de seguidores. São Iluminados que caçam outros Iluminados. Eles se alimentam do “brilho” de outros. Às vezes de uma vez só ou aos poucos através dos anos. Consumir este poder com frequência te faz ficar mais jovem e poderoso. Rose e o seu grupo já estão fazendo isso por vários anos e alguns até por vários séculos. E isso é feito com muita maestria no filme. Ele te dá tempo para você familiarizar com este universo mais uma vez. Não é só o Danny pós-Iluminado. Quando Abra “entra no radar” de Rose, a trama ganha um pouco mais urgência. Rebecca Ferguson está muito bem no papel da vilã Rose. Ela traz toda uma leveza e um estilo "cool" para a sua personagem. Você se sente atraído pela personalidade dela e depois se surpreende com seus atos. A cena do assassinato do garoto do Baseball é sinistra.
Podemos dizer que Doutor Sono traz uma trama mais abrangente do que O Iluminado. Não é o clássico terror de um lugar fechado... por boa parte do tempo, é claro, já que o filme te entrega aquele fan service esperado. Não é segredo para ninguém isso, já que os trailers do filme mostravam o Hotel Overlook, mas eu ainda achava que isso seria só flashbacks. Mas não, a trama realmente te entrega um “final showdown” no hotel amaldiçoado. Tudo feito com muito cuidado e maestria pelo diretor. É um fan service cirúrgico.
O mais importante deste filme é que Mike Flanagan FOI Mike Flanagan! Ele seria muito irresponsável se tentasse emular o Kubrick neste filme. Foi legal ver o estilo do diretor nesta história. Os Jump Scares criativos, a edição e o trabalho de câmera característicos do diretor estão lá. Claro, no fim do filme temos alguns thrownbacks visuais do Kubrick que são quase invitáveis devido a locação, mas são feitos tão bem que você acaba aplaudindo o cara. De novo, o fan service é cirúrgico!
Acho que o único ponto discutível do filme é a decisão técnica do diretor em não usar CGI para tentar trazer os atores do filme clássico de volta. Não sei se eu estou mal-acostumado com essa nova tecnologia de rejuvenescimento nos filmes da Marvel ou se a lembrança do filme clássico ainda é muito forte, mas estranhei o uso de atores parecidos nos papéis clássicos. A atriz que interpreta a Wendy (Alexandra Essoe) destoa bastante da aparência da atriz Shelley Duvall. Visualmente é bem estranho, mas foi uma decisão que deu mais liberdade para o diretor trabalhar com elementos do filme oitentista.
Doutor Sono não é só a melhor adaptação do Stephen King de 2019, é a melhor adaptação do Stephen King em anos. Desde O Nevoeiro eu não via algo realmente bom do King nas telas. IT é uma boa adaptação, mas sofre com vários problemas de filmes de Terror da atualidade. Doutor Sono faz o que uma continuação deve fazer. Consegue expandir o universo e traz uma resolução satisfatória para história que começou em O Iluminado.
05 – Coringa
Um dos maiores filmes de 2019. Grande acerto da DC/Warner. Eles não acertavam em cheio assim desde O Cavaleiro das Trevas de 2008. É uma abordagem interessante para um dos maiores vilões da DC e da história. Apesar de quase copiar Taxi Driver e O Rei da Comédia do Martin Scorsese, o filme entrega uma história de origem interessante.
Mas o fator determinante para que esse filme esteja nesta posição aqui na lista é o grande trabalho do Joaquin Phoenix. O cara entrega uma das melhores atuações desta década. É uma atuação brilhante em todos os aspectos, e provavelmente só veremos ele de Coringa neste filme. É o grande favorito para levar o Oscar de melhor ator esse ano.
04 – Era Uma Vez em... Hollywood
Quentin Tarantino se recuperou do PÉSSIMO Os 8 Odiados com essa ótima homenagem à Hollywood dos anos 60. O grande destaque do filme fica para a atuação de Leonardo DiCaprio. A decadência e a melancolia que o seu personagem passa é espetacular. Mesmo tendo várias cenas cômicas durante o filme, os momentos dramáticos do Rick são mostrados com uma delicadeza. Ele sabe que a sua carreira está no fim e pouco pode fazer para mudar isso. Do outro lado temos o personagem do Brad Pitt que já está acostumado com esta decadência em sua vida. Ele é literalmente a “bosta do cavalo do vilão” e vive das migalhas do Rick ao mesmo tempo que descobrir o que vai fazer no futuro.
A grande expectativa do filme era como o Tarantino iria tratar a tragédia de Sharon Tate. Podemos dizer que até o Tarantino tem o seu limite. Achei que ele lidou muito bem com isto no filme. É algo que ele já usou em outro filme dele e aqui caiu muito bem. Mas não se engane; o final atende aos fãs que queriam ver a violência clássica que o diretor sempre fez e sem fugir da fatídica noite de agosto de 1969. A abordagem dos Hippies do bando de Charles Manson é bem fiel e retrata muito bem a sociedade americana naquele período de tempo.
Era Uma vez em... Hollywood traz de volta o Tarantino que a gente tanto gosta. Mesmo tendo este problema de alongar os seus filmes de forma desnecessária, aqui o resultado é INFINITAMENTE melhor do que foi visto em Os 8 Odiados. Os diálogos estão melhores e você realmente se interessa pelos personagens, independente se a trama não te leva para algum lugar. É o Tarantino falando de algo que ele ama e de como ele via Hollywood na sua infância, ao mesmo tempo mostrando isso com o seu estilo e o seu humor clássico, mas com um cuidado e atenção nos seus momentos mais dramáticos. É uma boa mistura de Jackie Brown (o tema do envelhecimento) com Bastardos Inglórios (ambientação de época e eventos históricos ao estilo Tarantino).
É o Tarantino que a gente sempre amou, e isso é o suficiente!
03 – Parasite
Toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo em um porão sujo e apertado, mas uma obra do acaso faz com que ele comece a dar aulas de inglês a uma garota de família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe e filhos bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custam caro a todos.
Mais uma obra de arte do cinema Sul-coreano. Aliás, já não é de hoje que eles entregam ótimos filmes. É um dos países que tem uma ótima indústria cinematográfica e que sempre produz filmes com muita qualidade. Parasite QUASE foi a minha escolha para filme do ano. Sua trama reflete muito bem a disputa de classes e o atual momento de nossa sociedade. É uma história que poderia facilmente acontecer aqui no Brasil. Não é à toa que é um sucesso internacional, inclusive nos EUA. Espero que seja reconhecido no próximo Oscar.
02 – Too Old to Die Young
Sim, eu sei que ela foi lançada oficialmente como uma série de TV, mas não é isso que você vê quando assiste To Old to Die Young. É um filme de TREZE HORAS (e vocês reclamando do Scorsese... Pff) do diretor Nicolas Winding Refn. O próprio admitiu que abandou a estrutura de TV logo no início das gravações porque ele não sabia como fazer, então resolveu fazer um filme mesmo, mas com uma duração de série. Portanto eu considero como um FILME... ou um hibrido de TV com Cinema na sua forma mais direta possível.
Resumir a trama aqui é um verdadeiro desafio, já que ela segue para um caminho totalmente diferente do que é proposto logo no primeiro episódio, mas podemos dizer que tudo começa com o personagem de Milles Teller, o policial Martin Jones e seu parceiro Larry (Lance Gross). Larry é aquele típico policial com “vida dupla” questionável e métodos pouco ortodoxos em seu trabalho. Esse estilo de vida acaba tirando sua vida. Jesus (Augusto Aguilera), um membro de um cartel mexicano acaba se vingando da morte de sua mãe em cima do policial. Na investigação do caso, Martin acaba mentindo sobre o que aconteceu e isso acaba o promovendo para investigador. Isso acaba colocando Martin em uma intricada trama envolvendo o cartel mexicano, uma gangue rival que tinha Larry como um dos seus associados e justiceiros com agendas "nobres". E no meio de tudo isso ele ainda precisa se resolver com sua namorada, Janey (Nell Tiger Free), um adolescente de dezessete anos e seu sogro maluco, Theo (William Baldwin). É seguro dizer que a temática da minissérie gira em torno da dualidade de todos os personagens. Todos exibem duas facetas. Uma é a perfeita, seja para a sociedade ou para alguém próxima. Outra é com certeza mais sombria e perturbadora. Como um dos personagens diz:
"Quanto mais a sociedade se torna perfeita, mais ela se torna psicótica!"
Com o decorrer da trama somos apresentados aos mais variados personagens. O maior destaque sem dúvida vai para Jesus e Yaritza (Cristina Rodlo). O casal apresenta a dinâmica mais bizarra já vista em alguma história sobre traficantes de drogas. O relacionamento e suas motivações são totalmente bizarras e extrapolam qualquer senso de normalidade, mesmo para criminosos. É como vocês estivesse vendo NARCOS, mas feito pelo Jodorowsky, pelo David Lynch ou por Jean-Pierre Melville. Diana (Jena Malone) e Viggo (John Hawkes) são outros personagens desta minissérie que carregam bastante mistério. Talvez o maior de toda a história. Até agora estou tentando processar o que eu vi. É realmente isso mesmo o que eu entendi? E se for, podemos dizer que isso é um tipo de Twin Peaks mais doido que o original?
O roteirista Ed Brubaker e Refn conseguem misturar seus estilos muito bem aqui. Uma trama carregada com críticas políticas, em uma abordagem Neo-Noir surrealista. É incrível a liberdade dada aos dois criadores da “minissérie”, já que não temos nenhum tipo de censura. Seja ela na história ou na própria direção, Refn realmente testa os limites do telespectador aqui. Os episódios variam no tempo de duração. Vão de uma hora e meia ou quase uma e quarenta, ou apenas trinta minutos. O estilo surreal – e muitas vezes Kitsch – de Refn é elevado aqui até a sua máxima potência. A violência, o gore, o humor negro e a hiper sexualização são muito bem explorados em todos os episódios, em um ritmo lento e quase sonolento. A sensação é que você está vivendo em outra realidade ou em sonho maluco onde tudo anda em câmera lenta.
É impressionante como todos os episódios tem cenas com planos bem pensados e fora do padrão televisivo. Grandes séries como Breaking Bad e Better Call Saul apresentam esse tipo de direção, mas em algum momento os episódios apresentam algum plano mais básico de TV. Seja um plano americano ou corte simples com dois personagens conversando, por exemplo. Aqui o Refn realmente fez algo diferente. Seja nesses momentos entre dois personagens ou em tomadas em espaços abertos, a ordem foi sempre pensar em algo diferente. A câmera que gira lentamente da esquerda para a direita e vice-versa é outra assinatura visual bastante presente em todos os episódios. A iluminação também é bastante explorada não só nas cenas noturnas com o Neon, mas em espaços fechados e durante o dia. O oitavo episódio tem cenas belíssimas dentro um estábulo. Tudo isso é embalado com mais uma competente trilha sonora do já conhecido compositor Cliff Martinez. A minha única crítica é com o PÉSSIMO lançamento deste trabalho nas plataformas digitais. Não sei o que aconteceu, mas existe várias faixas que ficaram fora do lançamento. Não sei se terá uma segunda parte para ser lançada, mas por enquanto é uma grande bola fora dos produtores.
Too Old to Die Young não é uma produção fácil de ser assimilada. Não é TV, e sim um grande filme de treze horas. Algo que também não pode ser apreciado em uma sessão de cinema. Portanto temos um híbrido bastante interessante aqui. Como o próprio Refn disse em Cannes; A TV está morta! Ninguém assiste mais ela de forma convencional. O público já se acostumou em assistir “em pedaços”. Refn então não se preocupa em obedecer às estruturas narrativas desta mídia, mas sim em desenvolver o seu mundo bizarro no seu próprio ritmo. Sem limitações de tempo da TV e do Cinema convencional. Poucas vezes um diretor teve tanta liberdade de produzir a sua visão em uma plataforma mainstream. Acho que só o David Lynch com a terceira temporada de Twin Peaks teve este tratamento, mas mesmo assim era algo já consolidado com o grande público. Too Old é um animal totalmente diferente e nasce destinado a virar cult no futuro. Não querendo soar pretensioso ou como um desses hipsters “tênis verde da Rua Augusta”, mas esta minissérie não é para todo mundo. Aliás, acho que nem todos esses hipsters aguentariam ver ela, então eu recomendo muita paciência e calma. Vai vendo ela aos poucos como eu fiz e depois faça o seu julgamento. Estou ansioso para ver projetos futuros do Nicolas Winding Refn. Espero que ele produza mais materiais corajosos como este.
E o MELHOR FILME DE 2019 É...
01 – O IRLANDÊS
SCORSESE É SCORSESE! Não tem jeito. Se o Nicolas Winding Refn conseguiu desconstruir o subgênero policial, Martin Scorsese conseguiu elevar mais uma vez subgênero do cinema de máfia. Mas ele vai além disso. Não é um filme só de máfia, e sim um filme sobre a vida em geral.
O que eu acho mais FODA nos filmes de máfia do Scorsese é o sentimento de culpa e arrependimento que ele te joga no final. Os Bons Companheiros você vê o personagem do Ray Liotta perdendo a sua vida de gangster e tendo aquilo que ele nunca quis. Em Casino, nós vemos o Ace tendo que voltar para a sua vida antes ser gerente do Tangier. Nunca conseguiu ter a vida que queria com a sua mulher e por muito pouco não morreu.
Aqui a nós assistimos o fim melancólico da vida do Frank Sheeran. Sozinho e carregando o peso de sua vida criminosa até os últimos momentos que parecem nunca chegar. A última hora do filme é bem angustiante e triste. Scorsese entrega o seu provável último filme sobre o assunto, e faz isso muito bem. É um soco no estômago! Não é um simples "A vida no crime não compensa". Scorsese realmente te entrega a consequência de uma vida de decisões erradas.
Muitas coisas podem ser ou não verdade nesse filme, mas o sentimento de arrependimento é bem real.
Aproveitando a polêmica sobre os filmes de super-herói não serem cinema, podemos afirmar que a ordem hoje em dia está invertida. O cinema está na TV, com várias séries que realmente tentam evoluir a narrativa e que se arriscam mais nos temas e histórias abordadas. A TV antiga agora está no cinema, com produções que apostam em várias continuações e com trama mais fáceis de serem assimiladas. Acho que o Scorsese conseguiu notar isso muito bem ao aceitar lançar esse projeto pela Netflix. Está difícil ver um filme como o Irlandês no cinema mainstream de hoje. Acho que foi uma decisão acertada e possibilitou que mais pessoas pudessem ver esta obra. Essa agilidade do lançamento não afetou em nada o produto final. Martin Scorsese é um diretor que não sente a idade e consegue se manter relevante até hoje.É com certeza o melhor diretor da atualidade.
Agora vamos para as escolhas dos outros membros do blog
Geraldo Bosco
5 – Era Uma Vez em... Hollywood
Na primeira assistida eu não gostei nem um pouco do filme. Ele é bem diferente do que se espera do Tarantino, mas isso não faz dele pior de forma alguma. Na verdade, com o tempo para assimilar, a beleza do filme brilha e você entende o quanto ele tem a dizer.
4 – Bacurau
Melhor trabalho na carreira do Kléber Mendonça. Bacurau tem elementos de western americano, terror e uma crítica afiada e cirúrgica sobre preconceito regional, colonização cultural e política de interesse. “Bacurau sempre teve no mapa!”
3 – O Irlandês
2019 foi o ano que a Netflix “acordou pra cuspir”. O Irlandês não é só um filmaço, é o testamento que o cinema está se apropriando de novos suportes para contar suas histórias e não perde absolutamente nada no processo. Abençoadas sejam as 3h30 que investi nesse filme.
2 – Vingadores: Ultimato
Evento cinematográfico da década, porra!
1 – Parasita
Esse aqui chegou de fininho, nem sabia da existência dele. Agora tá aqui em primeiro lugar. Você tá fazendo o quê lendo essa listinha sem vergonha em vez de assistir Parasita? Corre lá!
Samuel Nani
Vingadores: Ultimato
A conclusão perfeita do maior evento cinematográfico dos últimos vinte anos e do maior grupo de heróis e de um dos maiores vilões da história do cinema. A reunião deles no final para enfrentá-lo é emocionante. A Saga do Infinito se tornou um fenômeno e será inesquecível tanto para marmanjos como para crianças dessa geração.
A Marriage Story
Esse filme foi um soco que impactou na minha alma. Extremamente humano e realista pelos temas abordados como casamento, divórcio e os traumas que causam como a solidão e o cotidiano da vida no geral. Mas o maior trunfo foi expor essa necessidade quase que de sobrevivência que os homens e mulheres tem de estar num relacionamento se dedicando afetivamente para ser e fazer alguém feliz. Na canção que o Adam Driver canta se vê isso. Tanto ele quanto a Scarlett Johansson são sensacionais no filme.
Welcome to Marwen
Cinebiografia do fotógrafo Mark Hogancamp (confiram as fotos dele depois de ver o filme), que também trata de temas como relacionamentos, solidão, mas desta vez com bonecos da segunda guerra mundial que fazem parte tanto da imaginação quanto da realidade do Mark. Uma Grande atuação de Steve Carell como sempre.
Vice
Sim, ele só estreou nos cinemas brasileiros em janeiro de 2019 e eu só provei o torresmo esse ano, Uma grande cinebiografia sobre o grande desgraçado Dick Cheney. Mostra a obsessão dos americanos de serem a maior superpotência do mundo ao ponto de armar o maior ataque terrorista da história contra o próprio país como o filme deixa subentendido. O Humor altamente sarcástico e irônico do diretor Adam Mackay faz referências até a Galactus, o devorador de Mundos.
Bacurau
Um dos melhores filmes nacionais da história e que traz grandes reflexões sobre os problemas do nosso país. A violência e a insatisfação dos brasileiros com os governantes, a indiferença tanto do governo tanto da sociedade para com o povo nordestino e a influência da cultura norte americana no Brasil, já que os vilões são Yankes e matam por esporte. Menção honrosa para o bandoleiro do sertão.
“Quem nasce em Bacurau é o quê? É gente. ”
Coringa
Um história de origem do vilão muito bem dirigida e com uma atuação intensa do Joaquin Phoenix. História muito bem construída, cenas chocantes de violência e que traz questionamentos sobre o nosso comportamento na sociedade atual. Meu preconceito com filme era grande, mas depois de assistir tive que dar o braço a torcer.
Shazam
O filme de Super-herói mais moleque e divertido já feito. Shawn Levi e Jack Dylan Grazer tiveram uma química muito boa e bastante fiel aos quadrinhos do Personagem... mas a família Shazam foi bem ruim, hein?
Turma da Mônica Laços
Live Action muito fiel aos quadrinhos do Mauricio de Souza. Fotografia muito boa, caracterização e atuação das crianças perfeitas, e uma homenagem muito bonita ao criador desta turma. Lembra bastante O Menino Maluquinho dos anos 90, com uma mensagem sobre amizade muito bacana.
Wi-Fi Ralph
O mundo fantasioso e Lúdico das interwebs que foi retratado no filme é perfeito. Uma história melhor que o do anterior. A Vanellope funciona bem no humor e é uma boa conclusão para os protagonistas.
John Wick 3: Parabellum
Os três filmes da franquia são muito parecidos, mas as sequências de ação são espetaculares neste terceiro capítulo. A luta entre John Wick e Zero é fantástica, assim como todo o universo religioso da franquia.
It - Capítulo 2
Não esperava muito do filme, mas foi uma boa conclusão para uma ótima adaptação do Livro de Stephen King. O elenco adulto era o meu receio neste filme, mas eles mandaram muito bem. As cenas de ação com os Match Cuts são assustadoras e criativas.
Os PIORES filmes de 2019
Esse ano está bem fácil escolher os filmes. Dá até para escolher alguns literalmente SEM PRECISAR VER!
É o caso dos “remakes” em “Live Action” de O Rei Leão e Aladdin.
O Rei Leão
Até tentei ver O Rei Leão, mas não dá. É um dos maiores ESTUPROS VISUAIS já feitos. É o CGI mais morto da história do cinema.
Aladdin
Aladdin é uma merda já no seu trailer.
O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio
Outro filme que eu não vi foi o novo Exterminador do Futuro.
Esse filme foi pior ainda, já que apostou na mesma fórmula cagada do Star Wars da Disney. O filme literalmente CAGA no segundo filme ao simplesmente MATAR o herói da resistência humana no futuro, John Connor, logo no início do filme. É o The Last Jedi da franquia.
Capitã Marvel
Capitã LACRASTE Marvel é outro filme que é fruto dessa Hollywood que não entende o novo público. O filme foi ajudado pelo hype de Vingadores: Ultimato e até teve um sucesso considerado, conseguindo faturar 1 Bilhão nas bilheterias mundiais.
Junte um personagem com pouco carisma com uma militância SJW Hollywoodiana na figura da atriz principal, Brie Larson, e temos o filme mais pedante do ano. Kevin Feige flerta perigosamente com os mesmos erros que afundaram o novo Star Wars na Disney. É uma lição para as fases seguintes da Marvel no cinema.
Star Wars: A Ascensão Skywalker
Bem, fizemos um podcast quase inteiro sobre esta merda. É um filme que continua o mesmo trabalho horrível de seu antecessor, mas que dessa vez tenta fazer as pazes com a galera que está de mal com a franquia.
Nem vou colocar uma ordem aqui. Você pode escolher qualquer um aqui como o pior filme do ano. Todos estão no mesmo nível DE MERDA!
É isso. E ainda nesta semana teremos a lista de MELHORES FILMES DA DÉCADA! Sim, eu não considero o início de década no ano 1, e sim no ano 0, portanto fiquem ligados para as nossas escolhas!
VEJA AS OUTRAS LISTAS DE MELHORES
VEJA AS OUTRAS LISTAS DE MELHORES
discordo
ResponderExcluirVc reparou que é um lista dos filmes de 2019, né? Abraços, Jonas Godoy!
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