sábado, 2 de maio de 2015

My Two Cents About: Blackhat - Ameaça na Rede




"Is that tangible enough for you?"




Antes de começar o review eu queria deixar o protesto para a Universal BR, já que este filme teve a sua data de lançamento adiada aqui no país. Era pra rolar um grande especial sobre o diretor Michael Mann, mas com a falta de definição de uma data para o filme, tive que "viajar" aos EUA para "alugar" o filme e conferir este novo trabalho de Michael Mann. Depois reclamam da pirataria ¬¬



Muita coisa já foi transportada para a tela de cinema com perfeição. Guerras, mundos fantasiosos, batalhas grandiosas, etc. Mas tem algo que ainda é muito difícil de ser adaptado: O maravilhoso mundo dos computadores. Sabe aquele técnico de TI que tenta te explicar o problema que você tá enfrentando no seu PC ou no PC do seu trampo, e você fica boiando no assunto? Este sempre foi um grande desafio também no cinema, e se não temos uma abordagem mais “fantasiosa” (Matrix ou TRON), o risco é de temos uma obra enfadonha que acha que está fazendo tudo de forma “real” e “séria”, mas que esbarra em detalhes técnicos ou simplesmente trata o público como idiota. O diretor Michael Mann (Fogo contra Fogo, Collateral, O Último dos Moicanos) se arriscou em levar este mundo de Hackers e cyber-terrorismo com o seu estilo particular de thrillers de ação em Blackhat  - Ameaça na Rede (Ahhhh Brasil e seus subtítulos =P ).





Mesmo com a falta de coerência em algumas partes (Não na parte técnica, e sim em uma situação no final do filme envolvendo uma cena de ação), Michael Mann ainda consegue colocar o seu estilo em cena e até dar um novo rumo para esse tipo de história. Tudo começa com um ataque terrorista contra uma usina nuclear em Hong Kong. O cyber-terrorista (toda vez que eu uso esse termo eu me sinto nos anos 90’) provoca um defeito que superaquece o reator da usina, causando um incidente de grandes proporções. Chen Dawai (Leehom Wang) é um especialista escolhido pelo governo chinês para caçar o terrorista. O governo americano também resolve juntar forças com a China e acionam os agentes do FBI, Carol Barret (Viola Davis), Mark Jessup (Holt MacCallany) e Henry Pollack (John Ortiz) para ajudar na caçada. Somam ao grupo a irmã de Dawai, Lien (Wein Tang), uma especialista em programação e o ex-colega de faculdade no MIT, o hacker Nicolas Hathaway (Chris “THOR” Hemsworth), condenado por hackear e roubar vários bancos em um período de oito anos. Nicolas tem a chance de ganhar liberdade se conseguir capturar o terrorista, em um jogo de gato e rato através de Chicago, Los Angeles, Hong Kong e Jacarta.





Michael Mann é conhecido por escrever roteiros com muito realismo. Por exemplo, em Collateral Tom Cruise realmente teve aulas de tiro e criou todo um estilo próprio para o personagem, um assassino profissional. Em Miami Vice, Colin Farrel esteve em contato com agentes infiltrados e caiu uma pegadinha do diretor onde ele participou de uma negociação com traficantes. E em Blackhat não foi diferente, já que os atores realmente aprenderam noções básicas de programação. E o diretor fez questão de que os códigos que aparecem em tela realmente tivessem relevância com o que estava acontecendo na história. Mesmo com o apuro técnico visual e de roteiro, ainda é muito difícil mostrar isto em tela sem parecer enfadonho para o público, por isso ainda temos sequências clichê do interior de um computador, mostrando as placas e chips e algo viajando pelas conexões em uma velocidade rápida para mostrar que algo está atacando o computador ou o sistema. É um recurso batido, mas ainda necessário já que é uma ameaça invisível. 






Mas essa é a grande sacada também do filme. “Isso é tangível o suficiente para você?”, diz o terrorista para Nicolas em um momento do filme. Enquanto um lado procura agir nas sombras, o outro precisa desesperadamente tirá-lo de lá, já que sua liberdade depende disto. E quando a ação realmente acontece no filme você realmente sente o contraste. Os caras maus não atacam diretamente prédios, monumentos ou lugares icônicos, e sim sistemas primordiais como energia ou a bolsa de valores. Você só vai ver eles fisicamente quando é realmente necessário, e quando o confronto realmente acontece, o resultado é explosivo. E é nessa hora que o Michael Mann brilha na direção, apesar de uma sequência final absurda para os seus padrões, o cara consegue criar um clima como ninguém.





 Outra grande sacada do roteiro é como os personagens principais se relacionam. Era muito fácil criar uma tensão logo de cara entre Nicolas e Dawai, onde a desconfiança seria constante entre a dupla durante toda a trama com o famoso recurso de “parceiros que se odeiam”, mas você logo vê que os dois tem uma história juntos e que esse ato de Dawai de libertar e pedir ajuda para Nicolas é mais uma prova gigantesca de amizade entre os dois. Claro, temos o romance básico entre o herói e a irmã de Dawai, mas como isso faz parte também do estilo do diretor você logo dá um desconto. A personagem de Viola Davis também tem destaque, mesmo com um diálogo meio clichêzão em um momento importante da trama. Ela é a única pessoa do governo americano que realmente ajuda Nicolas em suas ações. Pena que o filme não desenvolve mais o seu personagem e os outros agentes americanos. 






A assinatura visual e autoral do diretor continua lá: Os momentos de silêncio e contemplação, as linhas de horizonte à noite ou de dia, policiais e criminosos posando em paisagens “industriais”, reflexos no retrovisor, janelas mostrando as luzes de uma grande cidade quase como uma pintura ao fundo, diálogos entre almas gêmeas em um restaurante e os dilemas entre bem e mal do protagonista. Se você é fã do diretor, não tem o que reclamar aqui. As suas cenas de tiroteio continuam espetaculares. Ninguém filma um tiroteio como Michael Man. E ele ainda consegue extrair algum talento de Chris Hemsworth aqui. Nicolas se mostra como uma pessoa preocupada com os rumos que a sua vida tomou e percebe que essa é a sua última chance de mudança.




Mesmo com toda a experiência do diretor, ainda é um assunto difícil de ser abordado. Eu não tiro a razão de quem achou o filme arrastado, e se você não se interessa por este mundo “tecnológico” com uma abordagem séria, não vai gostar desta “fita”. Não é melhor trabalho do diretor, mas ainda consegue ser um pouco diferente na abordagem deste tipo de história. Sim, você ainda vai ver personagens digitando em frente a uma tela preta com caracteres verdes, mas aqui é o impacto dessas ações no mundo real que vale.  Infelizmente é um filme que vai passar meio batido, mas acredite: É melhor que aquele filme de Hackers da Angelina Jolie, e isso é já é o suficiente!



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