Semanas depois de ver o filme,
uma crítica um pouco diferente do que tem por aí na Internet, sobre o novo e
polêmico filme de Nicolas Winding Refn.
[SEM SPOILERS]
Se você cogitou assistir o
Demônio de Neon (The Neon Demon), deve ter pesquisado umas críticas por aí e
pode ter ficado dividido. A maioria achou o filme fraco, decepcionante e
bizarro. Se você vai pela maioria, não perca seu tempo vendo o filme. Você não
vai gostar. Sério.
Primeiro, que a história simples
de uma garotinha do interior que tenta ser modelo na cidade onde os anjos não
têm vez (também conhecida como Los Angeles) e é vítima da inveja e frustração
de três mulheres que querem possuir sua beleza a qualquer custo, não é um filme
de terror propriamente dito. Não como os que você pode estar acostumado.
Segundo, que o ritmo lento do filme (como quase todos os outros do diretor),
pode deixar você com sono. “Que filme chato!”, você irá dizer, acredite.
Claro, o filme tem Christina
Hendricks e Keanu Reeves fazendo pontas, tem um visual bonito e trilha moderna,
além de belas mulheres, algumas delas nuas. Tem cena de sexo, também. E sangue.
Mas, se você procura um filme em que a mocinha corre do vilão que quer matá-la
e é salva no final, esqueça. Gaste sua pipoca com outro filme.
Porém, se você curte filmes
diferentes, “artísticos”, cult,
polêmicos e controversos, pode ser que goste. Pode ser...
Se o único filme de Stanley
Kubrick que assistiu foi Laranja Mecânica, ou se achou O Iluminado sem pé nem
cabeça, 2001 e Barry Lyndon maçantes e De Olhos Bem Fechados apelativo,
esquece. Se espera ver cenas fortes de polêmica gratuita, como em Ninfomaníaca,
Love, O Anticristo ou Serbian Film, também esqueça. Procura por filmes com
críticas sociais, políticas e filosóficas batidas, populares nas rodas de bar
da Rua Augusta? Deixa quieto.
O Demônio de Neon é, como você já
deve ter visto por aí, um filme sobre a “ditadura da beleza”, presente não só
no mundo da moda, mas em toda a cultura ocidental. Mas eu penso um pouco
diferente sobre o que li por aí, em relação à “mensagem” do filme. Não acho um
filme “feminista”, mesmo que os principais personagens sejam mulheres e os
homens são uns bocós que não podem ver uma mulher bonita. Também não acho
“misógino”, retratando como as mulheres fazem de tudo para ficarem bonitas para
os homens. O filme não fala nada sobre isso. Ele fala mais sobre como o ser
humano (homem ou mulher) é fraco e se dobra à beleza que vê diante de seus
olhos. Como não estamos satisfeitos com nossos corpos e invejamos o próximo,
numa busca sem sentido pelo sucesso e pela perfeição.
Ouso dizer que o filme é quase
uma pregação cristã, por baixo de uma estética contemporânea, e história
“aparentemente” polêmica. É como pegar um folheto dizendo “não deixe o demônio
da luxúria dominar sua vida, não se entregue aos prazeres da carne e a
concupiscência dos olhos e desejos”. Até o anjo mais puro pode ser tomado pelo
maligno, se der ouvidos ao ego e aos desejos mundanos! Parece pregação? Nada a
ver? Me diga depois de ver o filme.
Também acho que o diretor ironiza
Hollywood, mostrando uma Los Angeles que pode te devorar num piscar de olhos e
que somente o que é bonito vende. Mas não viaje sobre “imperialismo americano e
capitalismo”, como já li por aí. Nada disso, o filme fala sobre pessoas, não
sobre sistemas econômicos e políticos.
É um bom filme, gostei muito. Mas
reconheço que é para poucos, para quem consegue ver o filme “de fora da
caixinha”, mesmo que seja uma caixinha pseudo-intelectualoide. As cenas
“polêmicas e bizarras” como contam por aí, que causam repulsa, nem são tão
repulsivas assim, para falar a verdade. Filmes de Pasolini, dos anos 70, são
graficamente mais repulsivos e você sabe que o cara era um gênio! =P
[ A PARTIR DAQUI, SPOILERS]
Bem, vamos ao filme...
Luzes se apagam e, na tela,
letras modernas em um fundo de textura incerta. Pode ser tecido ou pele,
iluminado com cores em tom neon. Enquanto os nomes aparecem ao som de música
eletrônica, um “NWR”, como uma logomarca de um estilista famoso, assina a obra
na parte inferior da tela. “O Demônio de Neon”, a nova obra de arte de Nicolas
W. Refn, o diretor de Drive e Só Deus Perdoa, entre outros filmes que talvez
você nunca tenha ouvido falar.
O filme começa, com uma modelo
maquiada como uma boneca, deitada num sofá. Ela está morta, com sua jugular
esvaindo em sague pelo lindo e sofisticado cenário. Ela é Jesse, nossa
protagonista, uma linda loira adolescente que chega à infernal Los Angeles para
tentar a carreira de modelo. De um lado do sofá, luz azul – como o vestido em
vinil que Jesse usa – e do outro, luz vermelha. Ela é fotografada por Dean, um
jovem fotógrafo que a olha como se a desejasse. O ensaio é uma anunciação do
que está por vir.
No camarim, Jesse é desejada por
Ruby, maquiadora que não tira os olhos dela, fitando-a pelo espelho. “Você tem
uma pele maravilhosa”, “Carne nova no pedaço, é exatamente o que eles querem”,
diz Ruby à ingênua e órfã Jesse. “Eles”, aqui, é o mercado de modelos da sempre
impiedosa L.A. (como sempre é retratada nos filmes).
Ruby leva Jesse a uma festa de
modelos e afins, onde é apresentada à Gigi e Sarah, modelos já em “final de
carreira”, mesmo sendo bonitas. Mesmo com toda a grana que Gigi gastou em
plásticas. A personalidade delas é definida e mantém-se por todo o filme:
invejosas, elas não gostam de Jesse. Mas, enquanto Gigi é um estereótipo de
“faço tudo pela beleza”, Sarah é mais enigmática, embora pareça mais sincera.
“Todos querem foder a novata”, ela dispara. Mas o que você tem que prestar
atenção aqui é no nome que o batom de Gigi leva: “Red Rum”, uma referência ao
Iluminado de Kubrick, um terror atípico, em que o personagem é tomado por um
mal que não se vê; também há a fixação do fotógrafo Jack em Jesse, como se não
acreditasse que ela estivesse num lugar como aquele; e mais uma vez o diretor
anuncia o que está por vir, quando Ruby pergunta: “Você é comida, ou sexo?”.
Numa alusão clássica ao “entrar
pelo buraco do coelho”, a pura Jesse caminha pelo escuro para ver um estranho show de música eletrônica e aparente
levitação. Um corpo de mulher flutua como no clipe de Closer, do Nine Inch
Nails (aliás, a letra da música vem bem a calhar). Jesse fica admirada com a
performance mágica, sem perceber que as luzes mudaram de tom azul para
vermelho.
Em seu quarto de hotel barato –
com cortinas vermelhas – vemos Jesse se arrumar, pelo espelho, claro. Ela e
suas roupas angelicais fazem uma entrevista em uma agência de modelos, onde sua
futura agente diz que ela é “perfeita” e que pessoas acreditam no que é dito a
elas (acredite, ela não está falando somente sobre mentir a idade). A agente
critica as fotos de Dean, julgando-as amadoras. O ensaio de Dean é uma crítica
ao mundo da moda? Talvez isso seja amador, como nós que criticamos um mercado
porque não conseguimos fazer parte dele.
Jesse assina seu contrato com o
Diabo e encontra Dean na frente do hotel, como um modelo de capa de caderno dos
anos 90, encostado em seu carro esportivo démodé,
com asas de anjo desenhadas no capô. Ele a leva para passear em Hollywood
Hills, onde se avista toda a cidade. Jesse caminha como um anjo, conta que
quando criança ficava deitada olhando para o céu, achando que a Lua era um
grande olho, e se perguntando se alguém olhava por ela lá de cima. Também conta
sua idade (16 anos) e aí temos o momento hesitante de Dean, que demonstra ser
uma boa pessoa. “Não tenho talento algum, mas sou bonita. Posso ganhar dinheiro
com a minha beleza”, professa Jesse.
De volta ao hotel barato, Jesse
vê um vulto em seu quarto e ouve barulhos. Ela chama por Hank (Keanu Reeves), o
gerente do hotel, o típico mal-humorado com moral duvidosa. Hank não consegue
abrir a porta e ela tem que ser derrubada por Mikey, seu ajudante. Lá dentro,
um puma, um predador em busca de carne para comer, que destruiu o quarto e terá
que ser tirado por Hank e Mikey.
Num estúdio todo branco, o
fotógrafo Jack recebe Jesse para um teste. Ele é o meu personagem preferido do
filme: cabeça raspada e roupa preta, ele é despido de vaidade e seu olhar é
concentrado em seu trabalho, como um profissional ranzinza que afasta qualquer
forma de bajulação. É de imaginar que as modelos querem dar para ele para
conseguir trabalho. Isso fica claro, mais tarde, quando Gigi, Sarah e Ruby
ficam enciumadas pela preferência de Jack por Jesse. Jack é mais um homem que
deseja Jesse. Mas, diferente de Dean, que está apaixonado, Jack a vê como uma musa,
um objeto de arte perfeito. Ele esvazia o estúdio, pede para que ela tire a
roupa, e passa tinta dourada pelo corpo dela. Ela vale ouro e ele, como
artista, sabe disso. Ela enxerga que ele não a quer como objeto sexual, e se
entrega ao ensaio.
“Ela tem aquela... coisa”, diz
Ruby às amigas. E essa “coisa” é percebida por Robert, estilista que a escolhe
para fechar seu desfile. Na seleção, Sarah é desprezada (Robert nem olha para
ela), seu “prazo de validade está vencendo”, tanto quanto de Gigi. Já quando Jamie
Clayton (em uma ponta quase imperceptível) chama por Jesse, Robert engole seco.
Fica estarrecido e emocionado, por estar diante de uma beleza tão pura e
angelical (“um diamante em meio ao mar de vidro”, diz mais tarde).
Sarah tem raiva de si mesma, de
sua aparência esquelética. Quebra o espelho que a reflete, no banheiro feminino.
“Sou um fantasma. Em meio ao inverno, você é o sol”, ela diz para Jesse, que
tenta ajudá-la. Jesse corta a mão, Sarah tenta lamber seu sangue. Jesse de
branco, Sarah de preto, tire suas conclusões.
Ruby também trabalha maquiando
cadáveres. Um bico, ou uma dica de sua personalidade mórbida? Aqui, tudo é o
que parece ser. Hank é um gerente de hotel barato, que evita autoridades e
acolhe adolescentes fugitivas. Dean é um homem que se entrega a paixão e a
deixa corrompê-lo. Ele vai ao quarto de Jesse, que desmaia de dor ao tentar
limpar o corte na mão. Inconsciente, Jesse sonha com três triângulos azuis que
formam um maior, invertido. Ela vê a porta vermelha que a convida a entrar.
Dean quer ajudá-la, vai falar com Hank, que o identifica como um pedófilo, fala
sobre a “Lolita” de 13 anos no quarto ao lado de Jesse.
No desfile de Robert, Gigi
continua invejosa e querendo compensar listando todas suas plásticas para ficar
bonita. “Tudo que vale a pena dói um pouco”, ela diz. “Ninguém gosta da própria
aparência”. Ela reclama da maquiagem, que a faz parecer uma palhaça. “Está
perfeita”, diz Jesse. Aliás, Jesse está mudando, entrando no jogo. Seu sorriso
após saber que fechará o desfile a entrega. Lá está ela, de vestido preto e
brilhante, que lembra um vestido antigo, sendo fotografada, ovacionada.
Então, ela fecha os olhos e, lá
vêm os três triângulos azuis de novo. O grande triângulo invertido que se forma
lembra a cabeça de um bode, o Deus Conífero, o demônio. Jesse está encantada.
Ela caminha da porta azul para o triângulo. Vê-se refletida nas paredes
externas espelhadas dentro do triângulo. Ela se ama. Seu ego fica maior do que
qualquer coisa. O triângulo azul fica vermelho. Ela beija o próprio reflexo, e
sai pela porta, agora vermelha. Se o azul é o céu, a bondade, o vermelho
entrega que agora ela está possuída pelo demônio de neon. Como Dale Cooper com
Bob dentro de si, após cruzar os corredores do Black Lodge, forrado com suas
cortinas vermelhas. Aliás, como em Twin Peaks, aqui também a plasticidade
perfeita, o visual primoroso e simétrico também são sinais de que por trás da
beleza há algo de malévolo.
Jesse é outra pessoa agora. Com
roupa sensual e ar sexy de quem
domina o ambiente, ela sai com Dean, ao encontro de Robert, sua assistente - quase
muda - e Gigi, em um lugar cheio de sofás vermelhos. Robert é um ex-ator,
aparentemente. Mais um perdido na Sodoma e Gomorra que é Los Angeles. Ele
questiona Dean, que despreza a beleza fabricada de Gigi e acredita que a beleza
“interior” é mais importante. “Se Jesse não fosse bonita, você nem a teria
notado”, diz Robert. “A beleza não é tudo, é a única coisa”, numa mensagem
clara do tema do filme: somos enfeitiçados pela beleza, uma das armas do Diabo
para nos destruir. Somos todos escravos da beleza. A maioria, pelo menos. E ela
corrompe a todos, homens e mulheres.
Duvida? Mesmo depois de levar um
fora de Jesse, Dean a espera no hotel. Ele está apaixonado pela beleza dela
(ele mal a conhece). Ele acha que ela quer ser como eles. Ela diz que, na
verdade, eles querem ser como ela. Ela já está tomada pelo ego inflado e
arrogância. O demônio de neon está dentro dela, se acostumando ao novo corpo,
como ela demonstra em sua cama, esticando pernas e braços, como o alienígena
dentro da pele de Edgar, de MIB – Homens de Preto.
Adormecida sobre o carpete
vermelho do quarto, ela sonha com Hank entrando em seu quarto e enfiando uma
faca em sua boca. Acorda, ouve passos. Alguém tenta abrir a porta, mas não
consegue. Os passos dirigem-se ao quanto ao lado, onde está a adolescente de 13
anos. Alguém arromba a porta e pega a garota à força. Quem é? Automaticamente
pensamos em Hank, com seu ar de canalha. Afinal, ele falou sobre a “Lolita” e
já tentou abrir a porta antes, sem sucesso. Mas acho que também poderia ser
Dean, tomado pelo demônio e desejo de sexo com garotas que parecem novas (como
Jesse). Talvez Hank tenha percebido isso. Afinal, ele está há muito tempo nessa
vida de merda de um hotel barato em L.A. Quem sabe?
Sabemos que Jesse ouve a garota
sendo violentada e não faz nada, só escuta. Em vez de ligar para a polícia,
liga para Ruby, que a chama para ficar na casa dela (na verdade, a casa não é
dela, ela só “toma conta”, indicando que ela pode ter matado o dono antigo ou
algo mais assustador).
Ruby quer Jesse. Ela se passa
maquiagem, se arruma, tenta convencer Jesse a transar com ela. Jesse recusa.
Então, na sequência de cenas polêmicas que começaram com a anterior, Ruby tenta
estuprar Jesse! Em vão, Jesse a chuta para longe. Indignada, Ruby pinta uma
cabeça com os olhos riscados com um “x”, sobre seu reflexo no espelho. O terror
começa. Jesse levanta no dia seguinte, passa por um leopardo empalhado (a fera
em busca de presa, como o puma) e vê a cama de Ruby, toda preta, com lençóis
escuros como trevas. No trabalho de maquiadora de cadáveres, Ruby está diante
de uma loira, bonita, nova e morta. Ela descobre o defunto e lá está, um corpo
lindo, morto. Uma beleza que de nada mais serve, exceto para Ruby se masturbar
pensando em Jesse.
Na casa, Jesse se pinta como
Zhora, a androide de Blade Runner, coberta de glitter e maquiagem anos 80. Um androide da beleza, que se acha
melhor do que os seres humanos, como uma deusa acima dos mortais, quando Ruby
entra na piscina vazia da casa e Jesse está ao alto, à beira do trampolim. Ruby,
como casal simpático de O Bebê de Rosemary, revela-se uma pessoa do mal, em
busca de virgens como Jesse, para um sacrifício satânico! Gigi e Sarah , parceiras
de crime, estão lá. Elas perseguem e matam Jesse, em meio a corredores de luz
vermelha, jogando-a na piscina vazia. Jesse olha o céu, antes de morrer. Não há
ninguém lá para olhar por ela.
Num aparente final diferente dos
demais filmes de terror do tipo “vou te perseguir e te matar”, aqui a vítima
não escapa magicamente. Ela é literalmente devorada pelo trio Wicca, e Ruby
banha-se em seu sangue, numa banheira, numa clara referência à Elizabeth
Bathory, condessa húngara sádica, que matava virgens e bebia seu sangue, para
manter sua beleza e juventude. No chuveiro, Gigi e Sarah lavam-se, nuas, em
movimentos eróticos dignos de programas do Multishow após a meia-noite. Afinal,
você se excita com a cena? Ou saber que elas estão cobertas de sangue inocente
tira o seu tesão? A linha entre o erótico e o broxante é tênue e delimitada
pela falsa moralidade.
Ruby rega as plantas da casa e
lava a piscina, seminua, com várias tatuagens. Ela deita sobre o que restou do
corpo de Jesse, numa cova improvisada em meio a um lindo jardim de rosas (que
continuará lindo se você não souber o que tem enterrado lá). Ruby consegue o
que ela queria, de certa forma. Nua, ela deita-se para a Lua e tem um orgasmo
que lhe custa a vida, como se todo o sangue de Jesse que ela bebeu saísse pela
sua vagina. É o primeiro indício do que Jesse disse antes de morrer, no auge de
sua arrogância: “Minha mãe dizia que sou perigosa”, reforçando o que ela havia
dito muito antes sobre não ser “tão indefesa quanto parece”.
Gigi e Sarah, em seu possante e
estereotipado carro vermelho conversível, vão a uma sessão de fotos com Jack, o
fotógrafo-artista, numa casa à beira-mar. Sarah, de preto em um sofá branco,
espera pela amiga Gigi, e é perguntada por outra modelo (que fala sobre fazer
qualquer coisa para continuar bonita), se alguma garota já tentou passar a
perna nela. “Sim”, disse Sarah, “mas eu a devorei”. Jack, de alguma forma, é
atraído por Sarah, e pergunta se a conhece? Após negativa, ele pergunta se ela
pode trocar com a outra modelo, para fazer as fotos. É como se a “coisa” de
Jesse tivesse passado para Sarah. Simples de explicar: em muitos rituais
antigos, de bruxaria ou mesmo religiosos ou de guerra, pessoas eram devoradas
ou tinham seu sangue bebido, como forma de seu algoz receber os “dons” da
pessoa morta.
Mas isso não acontece com Gigi, a
“modelo biônica”, toda falsa e fabricada, sem um pingo de beleza natural. Ela
“não merece a coisa de Jesse” e, sob luzes vermelhas e diante de uma piscina, é
como se Jesse e seu demônio de neon a olhasse e requeresse o que lhes pertence.
Ouvimos as batidas do coração de Jesse, como se ela de alguma forma ainda
estivesse viva. Gigi vai para dentro da casa, toda azul por dentro, senta-se em
um sofá branco com forma triangular (!) e vomita um dos olhos de Jesse,
intacto. “Preciso tirá-la de mim!”, grita Gigi, antes de pegar uma tesoura e,
num ato desesperado e suicida, tentar abrir sua barriga, morrendo em seguida.
Sarah está lá, diante dela, vendo tudo. Ela pega o olho de Jesse que foi
vomitado e o engole, deixando a casa, sem olhar para trás.
Sarah caminha pelo deserto (que
lembra textura de pano ou pele, como no início), em câmera lenta, como num
clipe de música pop ou comercial de
perfume, ao som de Sia. Um lindo pôr do sol encerra o filme e os créditos
sobem, com relances de corpos cobertos de glitter
e tinta dourada líquida. Uma mão demoníaca, com unhas florescentes aparece,
entre elas.
Luzes se acendem, poucas pessoas
na sala. Alguns com cara de nojo e decepção. Alguns reclamando. Eu bato palmas.
NWR continua me encantando com seus evangelhos cinematográficos.
Me parece muito interessante os filmes por que são muito interessantes, podemos encontrar de diferentes gêneros. De forma interessante, o criador optou por inserir uma cena de abertura com personagens novos, o que acaba sendo um choque para o espectador, que esperava reencontrar de cara as queridas crianças. Desde que vi o elenco de O Demônio de Neon imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos, Pessoalmente eu irei ver por causo do atriz Abbey Lee, uma atriz muito comprometida (pode ver os Filmes 2017 para Eles são uma ótima opção para entreter), além disso, acho que ele é muito bonito e de bom estilo. Não posso esperar para ver a nova temporada, estou ansioso.
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