sábado, 1 de abril de 2017

My Two Cents About: Ghost in The Shell









Em um mundo pós-2029, é bastante comum o aperfeiçoamento do corpo humano a partir de inserções tecnológicas. O ápice desta evolução é a Major Mira Killian (Scarlett ÔÔÔ LÁ EM CASA Johansson), que teve seu cérebro transplantado para um corpo inteiramente construído pela Hanka Corporation. Considerada o futuro da empresa, Major logo é inserida no Section 9, um departamento da polícia local. Lá ela passa a combater o crime, sob o comando de Aramaki (Takeshi Kitano) e tendo Batou (Pilou Asbaek) como parceiro. Só que, em meio à investigação sobre o assassinato de executivos da Hanka, ela começa a perceber certas falhas em sua programação que a fazem ter vislumbres do passado quando era inteiramente humana.




A produção hollywoodiana baseada no mangá homônimo de Masamune Shirow e no anime clássico de 1995 dirigido por Mamoru Oshii, tenta de tudo para se aproximar dos temas abordados nas obras originais, mas falha miseravelmente no resultado final. Infelizmente é a clássica produção de Hollywood que adora pegar toda a estética oriental e combinar com um tipo de narrativa mais ocidental, com um protagonista que é o “único do seu tipo” ou que tem um passado onde a sua vida foi roubada e agora está atrás de vingança contra os responsáveis por tudo isso. O problema é que no GITS original NÃO TEM NADA DISSO! Tanto o mangá como o anime exploram mais o lado filosófico e ético de um mundo que está totalmente integrado com novas tecnologias. Já não é mais possível distinguir o que totalmente humano ou máquina. Isso reflete também na motivação da protagonista Major Motoko Kusanagi e do “vilão”, o Puppet Master. Nas duas versões, a Major questiona o seu passado, mas ela está mais interessada em saber como será o futuro, já que o Puppet Master indica uma nova existência “coletiva”. Será que com tantas mudanças em nosso nós, ainda podemos manter a nossa individualidade? A nossa “alma” ainda está intacta? Ou isso é algo que deve ser esquecido de vez em troca dessa evolução para uma nova consciência coletiva? O live action não está muito preocupado nesse tipo de questão e sim em montar uma nova franquia de ação. Ele apenas “arranha” estes temas, mas se perde em focar na busca da personagem de Scarlett Johansson em descobrir o que realmente aconteceu com ela. 




INFELIZMENTE TEREI QUE DAR SPOILERS DO FILME AQUI. É IMPOSSÍVEL NÃO FALAR DAS FALHAS DO FILME SEM REVELAR A TRAMA! SELECIONE ESTÁ PARTE DO TEXTO PARA LER OS SPOILERS!


Começo do texto: Logo no começo do filme descobrimos que a Major não se chama MOTOKO (como você leu na sinopse). E boa parte de todo o maldito mistério do filme, de quem ela realmente foi é o que me deixou puto com este filme. Não só foi uma motivação idiota e totalmente fora do que a obra original foi, como serve para justificar o Whitewashing do filme. No filme ela descobre que já foi uma ativista contra tecnologia e contra a empresa Hanka. Ela era uma garota de 15 anos chamada MOTOKO KUSANAGI. E que o vilão do filme era o seu “namoradinho” e que agora planeja criar uma rede de consciência coletiva e se vingar contra a Hanka. O engraçado é que a própria Scarlett Johansson afirmou em uma entrevista que nunca teria a pretensão de interpretar uma personagem de outra etnia. E OLHA SÓ... CURIOSAMENTE ELA FAZ ISSO AQUI. Eu até relevaria a escolha dela para o papel se o filme não tivesse isso. Acho que ela mandou bem, mas essa decisão é um tapa na cara da galera asiática DE HOLLYWOOD. O público japonês realmente cagou e andou para isso. Aliás, até o Masamune Shirow aprovou a escolha da atriz para o papel. Fim do texto


Essa motivação, alinhada com um plano clichê do vilão acaba com qualquer esperança de temos um filme que chegasse próximo das ideias originais e, ao mesmo tempo, não consegue trazer nada de especial para o expectador que nunca leu ou assistiu alguma coisa de GITS.  O visual do filme é muito bonito. A fotografia consegue e a direção de arte consegue chegar muito perto do que foi mostrado no anime, mas a ação do filme é bem mediana. Esse é um dos problemas de adaptar tardiamente uma obra tão singular e influente como GITS. Outros filmes já se inspiraram e beberam dá mesma fonte como Matrix ou Cidade das Sombras. E quando finalmente temos um live action de GITS, tudo que vemos parece algo repetitivo. 




A Scarlett Johansson se esforça muito com o material que foi produzido pelo diretor Rupert Sunders (Branca de Neve e o Caçador). Mesmo com a motivação idiota da personagem, ela consegue trazer uma certa credibilidade para a Major. Sempre com um olhar que lembrar muito a Motoko do anime e até um jeito de andar diferente. É uma pena ter uma versão tão rasa para uma personagem tão complexa. O coadjuvantes não tem nenhuma tratamento especial também. Batou tem um pouco mais de destaque, mas cai em mais um clichê hollywoodiano de explicar tudo que é diferente. Lembra quando eu disse em nosso podcast sobre Matrix que Hollywood tem um problema em adaptar alguns elementos de narrativa orientais como personagens voando em filmes de Kung-Fu? Aqui eles gastam DEZ MALDITOS MINUTOS para explicar como o Batou ganhou os seus olhos eletrônicos, mesmo abrindo o filme com um letreiro que diz que EM 2029 É NATURAL QUE OS HUMANOS SEJAM MODIFICADOS COM TECNOLOGIA




O final do filme tenta chegar perto do final do anime e do mangá, mas com certeza sem a mesma profundidade filosófica de ambos. Ao invés de seguir fielmente as obras originais, esse GITS prefere abordar o material da mesma forma que foi feita em outros filmes recentes com a mesma temática. É incrível como Hollywood ainda trata o público como se ele fosse ignorante. Vivemos em mundo que consome muito mais cultura pop hoje em dia do que anos há anos atrás. Você simplesmente não pode adaptar um material desse de uma formal tão simplista e preguiçosa. Não vou dizer que o filme só tem o “Shell” e faltou o “Ghost" porquê vários outros sites e críticos já disseram isso. Então vou de “O filme só tem a Lata. Faltou a Goiabada”




Nota: 5 Pelas cenas clássicas que foram emuladas em alguns momentos e pelo trabalho esforçado da Scarlett THICK AS FUCK Johansson. Sou fã da Scarlett. Acho que ela é uma das principais atrizes dessa geração. Pode fazer drama, comédia e ação como ninguém. Mas mesmo ela sendo uma DEUSA e muito competente no seu trabalho, ainda precisa ser um pouco mais esclarecida em alguns assuntos. Não adianta ser ativista por causas feministas, mas dar uma dessas com essa polêmica do Whitewashing do filme. Foi no mínimo deselegante. Ou ela realmente diz o que acha ou troca de assessoria de imprensa. Era mais fácil dizer que teria um motivo da personagem não japonesa na trama do que toda essa falsa “chapa branca” que se voltou contra ela e contra o filme. 






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