"Go, Go, Power Rangers"
Ir em uma sessão de Power Rangers em 2017 é quase como ir em um show do Limp Bizkit ou de alguma banda dos mid 90’s: Ou você vai porque realmente continua acompanhando a banda ou vai porque quer sentir aquela nostalgia de uma época boa. Raramente algo novo sai desse tipo de experiência. Ainda bem que o novo filme dos Power Rangers foge deste padrão.
E lá fui eu, rapaz “velho” e “barbado” de quase trinta anos, se juntar com mais pessoas entre vinte e cinco e trinta e poucos anos, em uma sessão da tarde na zona sul de São Paulo. Eu confesso que só fiquei um pouco empolgado com o filme graças ao texto do Matheus sobre Tokusatsu aqui no blog. Esse é aquele gênero que você raramente consegue continuar acompanhando durante o resto da sua vida após infância e pré-adolescência. Seja pela quantidade quase inacabável de séries, ou pelo simples fato que o texto e as motivações dos personagens raramente mudam. E é nesse ponto que a Saban Entertainment acerta neste reboot cinematográfico.
O filme abre com uma sequência muito bem filmada que já dá uma certa ideia de como este novo universo dos Power Rangers será estabelecido. Na cena vemos o planeta Terra há 65 Milhões de anos atrás, testemunhando uma batalha entre Power Rangers. Rita Repulsa (Elizabeth Banks) é nada mais, nada menos do que a RANGER VERDE que se voltou contra o Power Rangers e seu líder ZORDON, (Bryan FUCKING Cranston. AKA WALTER WHITE. AKA o Ranger Vermelho) . Ainda vemos ela assassinar a Ranger amarela. Em um último suspiro, Zordon consegue pegar pedras de energia que são responsáveis pelos poderes dos Rangers e ainda consegue neutraliza Rita. Ambos são soterrados, só para acordarem milhões de anos depois em 2016. O motivo? Um grupo de adolescentes com garra Millennials problemáticos, saídos direto de alguma reprise de O Clube dos Cinco.
Sim, eles são um novo tipo de Clube dos Cinco. Jason (Dacre Montgomery, o Ranger Vermelho) é o Jock do grupo. Quarterback do time de Futebol Americano da escola, mas que prefere aprontar por aí. Não gosta muito deste lance de ser líder do time e não se dá muito bem com os pais e jogou fora uma possível vida como jogador de futebol em uma universidade. Praticamente o personagem do Emilio Estevez em Clube dos Cinco. Kimberly (Naomi Scott, a Ranger Rosa) é uma das garotas populares da escola que aprontou feio com uma de suas amigas (não vou contar aqui, mas foi filha da putagem). É a personagem da Molly Ringwald em Clube dos Cinco (Molly Ringwald... Garota Rosa Shocking... Rosa... Ranger Rosa... Hã? Hã?). Billy (RJ Cyler, o Ranger Azul) é o coração e a alma do grupo. É um rapaz que tem um pouco de dificuldade de ser entendido devido ao seu autismo, mas é o mais inteligente e o mais carismático. É o Anthony Michael Hall do filme, só que mais legal do que no Clube dos Cinco. Trini (Becky G, a Ranger Amarelo) é garota novata clichê de filme adolescente. Vive mudando de cidade em cidade, seguindo os pais e não tem muitas amizades Ela é meio Tomboy (gosta até de um Metalcore. Com certeza é a minha Ranger favorita junto com o Jason). Ela é uma mistura dos personagens de Judd Nelson e Ally Sheedy em Clube dos Cinco. Zack (Ludi Lin, o Ranger Negro) é o cara mais deslocado do grupo, já que não frequenta muito a escola. Ele vive cuidando de sua mãe doente, e quando não faz isso, ao invés de ir para a escola ele prefere ficar zoando na pedreira da cidade: A ALAMEDA DOS ANJOS.
Alameda dos Anjos: Um dos lugares mais perigosos da cultura pop. Só perde para a Nova York do universo Marvel |
Pedreira... pedra... Já sabem onde isso vai dar. O grupo logo se junta e pelo roteirismo pela força do destino, eles acham as pedras que dão os poderes de Power Rangers. As pedras dão superpoderes para o grupo como superforça, agilidade e a habilidade de humilhar qualquer praticante de mergulho em apneia, já que acabam achando a base do Zordon em uma caverna no fundo de um lago na pedreira da cidade. Lá eles encontram o robô “pau no cu”, Alpha 5 (Dublado pelo talentoso Bill Hader), que nesta versão cinematográfica não chega a ser um “pau no cu” como era na série. Ele até ajuda no treinamento do grupo. Lá também eles conhecem o próprio Zordon. Lá ele avisa que o grupo agora se tornou os Power Rangers: Um grupo de vigilantes espaciais que protegem os “Cristais da Vida”. Todo planeta que tem vida no universo, tem um cristal deste escondido nele. Ele é o responsável pela criação e manutenção da vida no planeta. Mas existem forças que sempre estão procurando por estes cristais (NO SHIT, SHERLOCK). Ele avisa que Rita Repulsa, outrora Ranger Verde, também retornará à vida, já que as pedras foram achadas novamente. Junto de seu retorno, Rita pretende ir atrás novamente do Cristal da Vida, e para isso vai usar o monstro Goldar. Os Rangers precisam treinar e aprender a MORFAR. Sim, não é só pegar aquele morfador que parecia o despertador que a sua vó comprou na loja de 1,99 como víamos na série de TV e fazer aquelas coreografias malucas com as mãos. O grupo precisa de muito treinamento físico e “psicológico” (entenda-se como criar um vínculo entre eles. Poder da Amizade e essas merdas que você sempre vê em anime e nos Power Rangers) para conseguirem usar os trajes.
MONTAGEM MUSICAL DE TREINO PARA CONTEXTUALIZAR
Nesse meio tempo, Rita Repulsa retorna e começa ir atrás de muito OURO para conseguir “sumonar” o monstro Goldar (Goldar... Gold... Ouro... Hã? Hã?). Eu realmente gostei de como a Elizabeth Banks trabalhou com a personagem em certos momentos, mas em alguns a Rita muda de tom completamente, o que é meio estranho. Tem horas que ela é realmente assustadora, lembrando até um monstro de filme de terror. E tem momentos que ela realmente consegue canalizar aquele lado cafona dos vilões da série. Seja com alguma careta engraçada ou com atitudes de “vilão de desenho”, que neste tipo de obra é até perdoável, mas foge do clima pré-estabelecido. Não sei se a Saban ficou com medo de deixar ela séria demais, ou queriam evitar que o filme ficasse com cara de “Transformers”, e fugir muito do material original. Acho que a vilã poderia manter esse tom mais sério até o fim que seria perfeito. Esse reboot abriu a possibilidade de apresentar algo grandioso em temos de história. Espero que isso aconteça em eventuais sequências.
Outro elemento importante da franquia são os Zords. Aqui os Zords tiveram um tratamento individual bem melhor do que era visto na série. Em todo o maldito Tokusatsu Super Sentai, os Zords individuais NÃO SERVEM PRA PORRA NENHUMA. Estão lá só para formarem um MEGAZORD. Mas aqui o filme trabalhou muito bem eles fora da formação final. O Megazord em si é legal, mas com um design bem fraco se comparado ao clássico da TV. A batalha final é muito boa e não deve nada ao filme Pacific Rim. Porra... O MEGAZORD DEU UM GERMAN SUPLEX NO GOLDAR. CHUPA ESSA MANGA, GUILLERMO DEL TORO!
Imagine que o Brock Lesnar é o Megazord e o Triple H é um Kaiju. E o ringue é a Alameda dos Anjos.
Mas algumas coisas me deixaram com a “pulga atrás da orelha” com essa batalha final:
É um reboot mais “real” e tal... ENTÃO POR QUE NENHUMA AUTORIDADE DOS EUA APARECEU QUANDO A PORRA DE UM MONSTRO GIGANTE E UM ROBÔ IGUALMENTE GIGANTE CAÍRAM NA PORRADA? Tá, a gente não ligava pra isso quando via a série de TV, mas aqui você vê claramente que boa parte daquela cidade de merda foi pro caralho. Nível SUPERMAN VS KRYPTONIANOS em Man of Steel.
Ninguém achou esquisito uma mulher com um cetro assassinando várias pessoas naquela cidade? Acho que a Alameda dos Anjos é do lado de Twin Peaks.
Mesmo com esses pequenos deslizes, a Saban conseguiu apresentar este produto para uma nova geração e, ao mesmo tempo, renovar o produto para os fãs da velha guarda. Os atores mandaram muito bem. Mesmo com personagens clichês, ele consegue abordar muito bem questões atuais, fugindo daquela versão Saved by The Bell meio sitcom da série clássica. Você realmente se importa com este grupo. A Saban tem uma ótima oportunidade de expandir este universo no cinema. Espero que a bilheteria ajude este projeto decolar, já que eles pretendem ter um arco com mais CINCO filmes. É uma das surpresas deste começo de 2017.
Nota: 8.5
PS: Todo mundo sempre zoa com essas séries de Tokusatsu porque os vilões sempre começam com os seus monstros em tamanho normal, só pra depois apelarem e fazer eles ficarem gigantes. Digamos que aqui este clichê foi revertido. O filme já vale por isso.
PS2: Existe uma cena pós-créditos. Não vou dar spoiler, mas você já deve saber o que é!
PS3: O tema original toca por alguns segundos. A sala inteira vibrou neste momento. Que bom que o filme não ficou com frescura e usou o tema clássico.
Nota: 8.5
PS: Todo mundo sempre zoa com essas séries de Tokusatsu porque os vilões sempre começam com os seus monstros em tamanho normal, só pra depois apelarem e fazer eles ficarem gigantes. Digamos que aqui este clichê foi revertido. O filme já vale por isso.
PS2: Existe uma cena pós-créditos. Não vou dar spoiler, mas você já deve saber o que é!
PS3: O tema original toca por alguns segundos. A sala inteira vibrou neste momento. Que bom que o filme não ficou com frescura e usou o tema clássico.
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