sábado, 9 de novembro de 2019

My Two Cents About: Doutor Sono




"REDRUM"



O diretor Mike Flanagan (Oculus, Hush, A Maldição da Residência Hill) tinha um problema grande em mãos. Ele precisava adaptar com sucesso o livro Doutor Sono de Stephen King. Nisso ele já tinha experiência, já que dirigiu o competente no filme Jogo Perigoso (Gerald’s Game aka JOGO DO GERALDO BOSCO). E ao mesmo, precisava continuar o filme de Stanley Kubrick. O mesmo filme que é ODIADO pelo Stephen King. 


Podemos dizer que era uma tarefa ingrata e quase impossível de ser realizada com perfeição. QUASE... já que o Flanagan conseguiu fazer um milagre aqui. Um milagre no nível “Denis Villeneuve” em Blade Runner 2049.




Ainda extremamente marcado pelo trauma que sofreu quando criança no Hotel Overlook, Dan Torrance (Ewan McGregor) lutou para encontrar o mínimo de paz. Essa paz é destruída quando ele encontra a garota Abra (Kyliegh Curran), uma adolescente corajosa com um dom extra-sensorial, conhecido como “Iluminação” ou “Brilho” (Shine). Ao reconhecer instintivamente que Danny compartilha seu poder, Abra o procura, desesperada para que ele a ajude contra a impiedosa Rose “chapéu” (Rebecca Ferguson) e seus seguidores do grupo “Verdadeiro Nó”, que se alimentam do “Brilho” de inocentes visando a imortalidade. Ao formarem uma improvável aliança, Danny e Abra se envolvem em uma brutal batalha de vida ou morte com Rose. 




O grande trunfo deste filme é o desenvolvimento deste universo. O poder dos Iluminados é bem mais explorado nesta continuação, principalmente quando é mostrado do ponto de vista de Rose e o seu grupo de seguidores. São Iluminados que caçam outros Iluminados. Eles se alimentam do “brilho” de outros. Às vezes de uma vez só ou aos poucos através dos anos. Consumir este poder com frequência te faz ficar mais jovem e poderoso. Rose e o seu grupo já estão fazendo isso por vários anos e alguns até por vários séculos. E isso é feito com muita maestria no filme. Ele te dá tempo para você familiarizar com este universo mais uma vez. Não é só o Danny pós-Iluminado. Quando Abra “entra no radar” de Rose, a trama ganha um pouco mais urgência. Rebecca Ferguson está muito bem no papel da vilã Rose. Ela traz toda uma leveza e um estilo "cool" para a sua personagem. Você se sente atraído pela personalidade dela e depois se surpreende com seus atos. A cena do assassinato do garoto do Baseball é sinistra.   




Podemos dizer que Doutor Sono traz uma trama mais abrangente do que O Iluminado. Não é o clássico terror de um lugar fechado... por boa parte do tempo, é claro, já que o filme te entrega aquele fan service esperado. Não é segredo para ninguém isso, já que os trailers do filme mostravam o Hotel Overlook, mas eu ainda achava que isso seria só flashbacks. Mas não, a trama realmente te entrega um “final showdown” no hotel amaldiçoado. Tudo feito com muito cuidado e maestria pelo diretor. É um fan service cirúrgico.




O mais importante deste filme é que Mike Flanagan FOI Mike Flanagan! Ele seria muito irresponsável se tentasse emular o Kubrick neste filme. Foi legal ver o estilo do diretor nesta história. Os jump scares criativos, a edição e o trabalho de câmera característicos do diretor estão lá. Claro, no fim do filme temos alguns thrownbacks visuais do Kubrick que são quase invitáveis devido a locação, mas são feitos tão bem que você acaba aplaudindo o cara. De novo, o fan service é cirúrgico!




Acho que o único ponto discutível do filme é a decisão técnica do diretor em não usar CGI para tentar trazer os atores do filme clássico de volta. Não sei se eu estou mal-acostumado com essa nova tecnologia de rejuvenescimento nos filmes da Marvel ou se a lembrança do filme clássico ainda é muito forte, mas estranhei o uso de atores parecidos nos papéis clássicos. A atriz que interpreta a Wendy (Alexandra Essoe) destoa bastante da aparência da atriz Shelley Duvall. Visualmente é bem estranho, mas foi uma decisão que deu mais liberdade para o diretor trabalhar com elementos do filme oitentista. 




A trilha sonora está fantástica. Os Newton Brothers já tinham trabalhado com o Mike Flanagan na série A Maldição da Residência Hill. Aqui eles retornam a parceria com Flanagan e entregam uma trilha que lembra muito os temas do filme de Stanley Kubrick. Vale lembrar que no filme de 1980 a trilha era composta por vários compositores. Não era algo feito só por uma pessoa como acontece na maioria das trilhas. Aqui os Newtons conseguem captar o mesmo estilo do filme anterior. E vale destacar o "batimento cardíaco" durante vários momentos do filme quando os Iluminados entram em confronto. É algo quase angustiante e que te deixa tenso.  




Doutor Sono não é só a melhor adaptação do Stephen King de 2019, é a melhor adaptação do Stephen King em anos . Desde O Nevoeiro eu não via algo realmente bom do King nas telas. IT é uma boa adaptação, mas sofre com vários problemas de filmes de Terror da atualidade. Doutor Sono faz o que uma continuação deve fazer. Consegue expandir o universo e traz uma resolução satisfatória para história que começou em O Iluminado


Nota: 10





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