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Depois de uma grande hiato criativo aqui no blog, vamos começar o nosso especial sobre CYBERPUNK! Especial que serve de aquecimento para o tão aguardado jogo que será finalmente lançado em Novembro, CYBERPUNK 2077!
E no nosso primeiro artigo nós temos a honrar de contar com a colaboração do nosso amigo Guilherme Colichini, que já participou de alguns episódios do MellonCast e que agora faz a sua estreia como colunista no blog.
E no nosso primeiro artigo nós temos a honrar de contar com a colaboração do nosso amigo Guilherme Colichini, que já participou de alguns episódios do MellonCast e que agora faz a sua estreia como colunista no blog.
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O Universo Cyberpunk: Origens e Temas
Durante as décadas de 60 e 70, a literatura de ficção científica viu o aparecimento do gênero New Wave. Surgindo como uma alternativa à ficção científica clássica e sua temática mais utópica, o gênero New Wave tinha uma proposta mais moderna e voltada a temas sociais, como a cultura de drogas, tecnologia e a revolução sexual. Sendo assim, os autores do gênero como Philip K. Dick, Roger Zelazny e J. G. Ballard, preocupavam-se em criar histórias mais humanas e realistas, geralmente indo para o lado da chamada distopia (uma visão filosófica mais pessimista, geralmente com a presença de sociedades opressoras e um futuro negativo).
Um grande expoente desse gênero foi o livro Do Androids Dream of Electric Sheep? (ou "Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?" no português), lançado em 1968, por Philip K.Dick, o qual mais tarde seria utilizado como base para o filme Blade Runner.
O precursor de Blade Runner
Apesar de estar situado no New Wave, a obra de Philip K. Dick foi de enorme influência para o surgimento do gênero Cyberpunk, sendo muitas vezes considerada como "protocyberpunk". O termo Cyberpunk foi cunhado por Bruce Bethke em sua obra de mesmo nome, lançada em 1982. O gênero foi solidificado com o lançamento, em 1984, de Neuromancer, livro do autor William Gibson.
O Precursor: Cyberpunk 2020 e a Visão de Michael A. Pondsmith
Esses livros, utilizando-se das raízes mais distópicas e sociais do New Wave, introduziram as temáticas punk e hacker, criando o gênero tal como conhecemos. No mundo Cyberpunk, tecnologia, drogas, poderosas corporações e problemas sociais estão em conflito, criando uma imagem realista e pessimista do mundo. São desses conflitos que surge Cyberpunk 2020, a visão de Michael A. Pondsmith sobre o gênero.
Capa da versão brasileira de Neuromancer (Editora
Aleph)
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O Precursor: Cyberpunk 2020 e a Visão de Michael A. Pondsmith
Se o livro "Os Androides Sonham com Ovelhas elétricas?" foi a grande inspiração para o filme Blade Runner, este, certamente, foi o grande influenciador para Michael Pondsmith criar Cyberpunk 2013 e Cyberpunk 2020. Com o objetivo de renovar o gênero Cyberpunk (que já demonstrava sinais de queda, principalmente com o crescimento do gênero fantasia), Mike combinou as megacidades, estilo visual e outros elementos de Blade Runner com as raízes e fundamentos do gênero Cyberpunk, como criminalidade, corporações poderosas e grupos sociais renegados. Em 1988, Michael lançou Cyberpunk (que mais tarde viria a ser conhecido por Cyberpunk 2013), um RPG de mesa com a temática Cyberpunk.
Blade Runner, o filme que influenciou Cyberpunk 2020
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De 1989 a 2011, o mundo passou por uma série de catástrofes e revoluções. Enquanto incríveis tecnologias (incluindo implantes cibernéticos, uma base lunar e a Net, ou Rede) eram criadas, corrupção, pobreza e revoltas devastavam os Estados Unidos, provocando o colapso do país, o qual é agravado depois de suas duas guerras/invasões na América Central e do Sul. No mundo, revoluções e transformações também ocorreram. O Oriente Médio foi praticamente destruído em um conflito nuclear interno, a Europa cria um mercado comum e União Soviética e Japão tornam-se seus parceiros, é criada a Liga Pan Africana e a América do Sul torna-se uma região eclipsada pela corrupção, carteis e revoluções. Nesse caldeirão em ebulição, as corporações adquirem cada vez mais poder, tendo deflagrado duas grandes guerras corporativas: uma pelo controle do espaço aéreo e outra pelo controle de poços petrolíferos no sudeste asiático.
Arte do livro "Night City Stories", um guia complementar para Cyberpunk 2020 |
Em 2013, os Estados Unidos são uma sociedade dividida: enquanto os ricos vivem em bairros limpos e cheios de recursos, os pobres vivem em favelas e são relegados à sua própria sorte. As corporações estão no centro do poder, já que começaram a treinar seus próprios exércitos em 1997 e os Estados Unidos passaram a utiliza-los para manter a paz interna. Elas passam a ditar as normas sociais e impor seus interesses. No entanto, unindo-se contra a corrupção do governo norte-americano e os interesses corporativos, rockeiros, nômades (indivíduos sem teto que passam a viver em caravanas), mercenários e jornalistas tentam conquistar as ruas de Night City na chamada Revolução Cyberpunk, sendo este o ponto de partida para o jogo de tabuleiro Cyberpunk 2013.
Capa de Cyberpunk 2013, jogo de mesa criado por Michael Pondsmith |
Lançado em 1990 (dois anos depois de Cyberpunk 2013), Cyberpunk 2020 surgiu como uma versão melhorada de seu antecessor, trazendo melhorias para a lore, sistema de jogo e modificações nas classes. Com relação à história, Cyberpunk 2020 traz os acontecimentos dos últimos sete anos. Nesse curto espaço de tempo, há uma transformação tecnológica com a evolução da Rede, a criação da primeira inteligência artificial e o surgimento dos primeiros clones. Nesse ínterim ocorre a Terceira Guerra Corporativa (pelo domínio de servidores de informações conectados à Rede) e Night City é engolfada pela Guerra do Metal (um conflito de gangues por território). No entanto, a premissa do jogo permanece a mesma.
Capa de Cyberpunk 2020 |
Sobre a cidade, Night City foi fundada por Richard Night, um ex-funcionário do setor de construção que fundou sua própria corporação, a Night International. Com o apoio e financiamento de diversas corporações (incluindo a Arasaka), Richard põe em prática o seu plano de construir uma cidade perfeita, sem crime e com amplas oportunidades. As corporações financiadoras ganhariam seus próprios setores, bem como o modelo de construção da cidade serviria como base para futuros empreendimentos. A construção começou em 1993 e em pouco tempo a cidade cresceu, com mais e mais corporações prestando auxílio.
No entanto, em 1998 Richard é assassinado e uma guerra para obter o controle da cidade começa. Uma gangue intitulada The Mob, começou a atacar as corporações da cidade, provocando um conflito que durou 7 anos. Em 2009, a gangue passa a avançar contra a corporação japonesa Arasaka, que passa a utilizar ataques aéreos e tecnologia avançada para eliminar a gangue. A guerra terminou em 2011 com milhares de mortos e com uma vitória corporativa, já que conseguiram eleger um prefeito favorável às corporações. De 2013 a 2020, cenário dos RPG's de mesa, há o conflito entre as classes mais baixas, gangues e as corporações, culminando na Quarta Guerra Corporativa, onde a Arasaka e a Militech lutam pelo controle da cidade.
O resultado é catastrófico, já que a Militech lança um ataque nuclear para impedir a vitória de sua inimiga japonesa. Cyberpunk 2077 tem lugar na mesma cidade, já reconstruída e cujo conflito de classes ainda persiste (o RPG de mesa Cyberpunk Red, com expectativa de lançamento ainda em 2020, contará sobre o “Tempo do Vermelho”, e será uma ponte entre Cyberpunk 2020 e 2077. Nos anos após a destruição de Night City, diversos grupos uniram-se para reconstruir a cidade, incluindo as corporações e os nômades. A cidade foi cercada pelas forças dos EUA durante a Guerra de Reunificação, mas o apoio da Arasaka garantiu a independência da cidade, bem como a influência dessa corporação).
Capa de Night City, complemento para o RPG de mesa Cyberpunk |
"As corporações controlam o mundo de suas fortalezas em arranha-céus, impondo seu domínio com exércitos de cyberassasinos. Nas ruas, gangues com melhorias cibernéticas vagam pela vastidão urbana destroçada, matando e pilhando. O resto do mundo é uma festa sem fim, onde lindas modelos esfregam suas modificações corporais em guerreiros de rua prontos para a batalha nos clubes mais badalados, bares sujos e ruas mais terríveis deste lado do Pós-holocausto O futuro nunca pareceu tão ruim. Mas você pode mudá-lo. Você tem plugues de interface em seus pulsos, armas em seus braços, lasers nos seus olhos, programas de biochip gritam no seu cérebro. Você está ligado, cyberaumentado e em sólida forma para ir onde apenas os mais fortes e arrojados podem chegar. Porque você é CYBERPUNK."
Michael Pondsmith, criador de Cyberunk 2020 |
Em 2005 foi lançado Cyberpunk v3.0, o qual não teve o mesmo sucesso que seus antecessores (e sendo considerado como uma história à parte por seu criador). Para continuar a história de Cyberpunk 2013 e 2020, Mike começou a desenvolver uma continuação que se passaria em 2027, depois da Quarta Guerra Corporativa.
Enquanto trabalhava em seu projeto (que, coincidentemente, tem o nome de Cyberpunk RED e que será lançado ainda em 2020, sendo uma ligação entre Cyberpunk 2020 e Cyberpunk 2077), Mike foi contatado pela equipe da CD Projekt RED. Da parceria entre os autores de RPG, surge Cyberpunk 2077, com o lançamento de um teaser em 2012.
Em 2013, a CD Projekt RED lançou um novo video, dessa vez trazendo Michael Pondsmith. No vídeo, Mike fala sobre o mundo Cyberpunk e como isso seria traduzido em Cyberpunk 2077. A inspiração de Mike foi levar a realidade das ruas dos EUA para o universo Cyberpunk, unindo a distopia e tecnologia com elementos Noir. O mundo Cyberpunk, na visão de Mike, é onde a grande evolução tecnológica não eliminou os problemas sociais e humanos, criando uma sociedade tecnologicamente avançada, mas envolta em perigo.
O mais importante não é a tecnologia em si, mas o uso que as pessoas fazem dela. Não é sobre salvar a humanidade, mas salvar a si mesmo. Segundo o autor, Cyberpunk 2077 é uma evolução de Cyberpunk 2020, amadurecendo o jogo em diversos aspectos e o tornando o mundo maior e mais perigoso. É a transformação de algo estático para um mundo grande e em movimento, fazendo o jogador sentir que ele realmente está lá.
As informações sobre Cyberpunk 2077 terminaram nesse último vídeo. Com The Witcher 3 a caminho, a CDPR deixou seu novo projeto em banho maria. Somente cinco anos depois, em 2018, Cyberpunk 2077 saiu de sua hibernação e finalmente será lançado em novembro de 2020.
Essa foi a primeira parte do especial Na segunda parte vamos mergulhar no mundo Cyberpunk japonês e sua influência na cultura pop e no próprio gênero.
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