sábado, 20 de março de 2021

A medíocre melhora do pior - Liga da Justiça Snyder Cut

 

Mais uma vez você vai ouvir Hallelujah de Leonard Cohen


Se você não entende o contexto do hype em volta desse filme, dê uma olhada  no artigo escrito pelo nosso querido SlsVader clicando aqui!

Zack Snyder,
diretor
conhecido
por visuais
arrojados.
    Na última década tivemos o conceito de fandom se estabelecendo como umas culturas mais tóxicas do mundo. Nesse contexto, no ano de 2017 tivemos milhares de adultos infantilizados surtando e tendo crises de ira porque Liga da Justiça (de Joss Whedon) e Star Wars The Last Jedi (de Rian Johnson) não alcançaram suas sofisticas expectativas nerds.


        No caso de Liga da Justiça, adultos birrentos fizeram tweets (famosa hashtag #releasethesnydercut), abaixo assinados, vídeos, reclamações, choro, rasgo de vestes para que o filme pudesse ter uma segunda chance na visão do diretor original Zack Snyder, que abandonou o projeto devido a uma tragédia familiar.

Agora em 2021, Zack Snyder com um ego inflado por infantiloides, lança seu mais egocêntrico projeto: Liga da Justiça Snyder’s Cut lançado para a plataforma HBO MAX.

 

História

O filme mantém a mesma trama do seu antecessor - ambos escritos por Chris Terrio -  porém é mais longo (4 horas vs 2 horas do original) e se divide em seis episódios. Ambos são uma história de introdução do que virá a ser a Liga da Justiça: Quando um alienígena chamado Steppenwolf ameaça dominar a terra, cabe ao Batman (Ben Affleck) reunir os mais poderosos heróis  para conter a ameaça alienígena e salvar a terra desse mal.

Batman (Affleck), Mulher-Maravilha (Gadot), Ciborgue (Fisher), Aquaman (Momoa), Flash (Miller) e Superman (Cavil), heróis do filme. (Imagens de Warner Media)


Essa versão de diretor de Zack Snyder acrescenta mais elementos, mais flashbacks para os heróis  e um desfecho  diferente para o vilão do filme, porém, a forma como a trama se desenrola se mantém a mesma, tendo pequenas e médias mudanças na apresentação visual, diálogos e na interpretação do caráter desses heróis.


O legalzinho...

Zack Snyder contou com a vantagem de ver as críticas do filme de Whedon para corrigir erros na sua versão: Primeiramente todo mundo tem espaço no filme, cada herói tem seu momento de brilhar, suas motivações para lutar, para duvidar dos riscos e até mesmo para se conhecerem um pouco. O maior mérito do filme é eliminar piadas ruins, golpes de luta idiotas e diálogos clichês (que podem até ter sido do próprio Snyder no script original, nunca saberemos) e dar espaço pra uma trama séria que até certo ponto passa a sensação de que o vilão é realmente sério e perigoso.

 

...e o Péssimo

O ritmo do filme é arrastado e temos slow motion em doses cavalares para as coisas mais banais do mundo, como por exemplo, a cena em que Lois Lane (Amy Adams) depois de comprar um pingado com o cabelo balançando fecha uma porta. A falta de saturação não ajuda nada nesse filme, não torna nada “adulto” ou sombrio somente insosso, o CGI do filme é lamentavelmente ruim e custou muito caro para ser notavelmente simplório: o Flash corre feito um idiota,  a movimentação/voo do Superman é estranha, a coreografia de luta é rasa e a qualidade da animação do que seria um vindouro vilão Darkseid é digna da qualidade de 2010.


 

O uso excessivo de CG (computação gráfica) para criar cenários e visuais com filtro são marcas do diretor (imagens de Warner Media)

Os pecados não são somente visuais, o diretor não consegue criar emoção sem o uso de trilha sonora, em todo momento de drama ele depende da música (trilha composta ou música licenciada) para dizer exatamente o que está acontecendo na tela. Zack Snyder tem um estilo de direção por blocos como “cutscenes” de videogames, os filmes parecem sessões isoladas e o diretor se recusa a fazer cortes necessários para dar ritmo ao filme.

A direção toda de Zack Snyder é fraca , cheia de vícios, sem substância e evoluiu muito pouco nesses anos,  visualmente seu ápice foi dirigindo Man of Steel (2013) onde copiou o estilo de Terrence Malick.

Os personagens não tem personalidade alguma, todos agem como Batman com pequenas variações de atitude, o único destaque - que nem é positivo - é o Flash sendo um pouco menos irritante que o dirigido por Whedon, não bastando isso, faça uma soma com as atuações ruins da Gal Gadot  que não sabe impor a voz (mas graças a ela temos o memeKal-El no!”), Henry Cavil só tem UMA expressão facial e não convence que é o Superman. Ben Affleck sem carisma não convence que está preocupado, nervoso, raivoso ou esperançoso e o acrescentando a falha de presença temos um diálogo em Batman garante para Alfred que ele está lutando por FÉ - coisa invisível no filme - se isso não é a maior piada do film,e eu não sei o que é.

Mas a pior parte do filme é a própria estrutura, todo o conceito desse universo é ruim e com decisões de construção horríveis. Temos que lembrar que os acontecimentos dos filmes anteriores (Man of Seel, Batman v Superman) tem acontecimentos tolos no rumo e na caracterização desses heróis, o vilão  deste filme Steppenwolf não tem personalidade nenhuma e consegue ser o estrado podre de uma cama de pregos que é esse universo.


 Conclusão

O filme se sustenta em um mérito: O anterior foi ruim, esse corrige seus erros. Infelizmente ainda é um filme “passável”. De uma nota “E” sobe para “C”, de nota “4” sobe para “6”, o hype de ser bom é pelo fato do fã ter um produto com um acabamento melhor e que faz com que o mesmo possa disputar  “qualidade” contra fãs da companhia rival (também infantiloides, só que bobos alegres).

O filme simplesmente é desinteressante, a visão de um diretor diferente para um roteiro ruim. A versão de Joss Whedon é como ir num restaurante pedir uma sopa e ser servido com ela fria, a versão de Snyder é trazerem a sopa de volta em um prato quente e ele continuar fria.

 No fim do dia, o fandom venceu; choro e birra, tweets, blogs, vlogs, posts no Instagram e Facebook fizeram uma empresa se mover para lançar um produto que “atende” a expectativa de seus consumidores e além disso estabelece uma cultura de “filmes corrigidos/ com "DLC de conteúdo” se não atenderem os mimos dessas crianças com mais de 18 anos.

É ótimo saber que toda a civilização ocidental vive uma era de ouro com baixíssimos índices de desemprego, proximidade financeira das classes, quase inexistentes índices de violência, respeito entre credo, cor e sexo e por isso encontramos tempo para protestar em redes sociais em favor de problemas graves como o produto de nosso entretenimento favorito não ser sempre nota 10 não é mesmo?


NOTA FINAL : 5 de 10 Melões




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