quinta-feira, 4 de abril de 2013

Marvel goes Hollywood - Uma Resenha Crítica sobre Os Supremos 1 e 2 de Mark Millar e Bryan Hitch



Bom Dia a Todos! Esse é meu primeiro post neste blog e meu primeiro artigo para um blog da minha vida! Espero que gostem, concordem ou discordem e perdoem meus erros de português. 

P.s.: Só espero que o slsvader não queira me enforcar com a força depois de ler isto!




Resenha sobre os gibis Os Supremos  1 e 2  e sua semelhança cinematográfica com o Universo Marvel.


Introdução

No ano 2000 a Marvel Comics decidiu modernizar seus super-heróis no mundo dos quadrinhos e assim criou a linha “Ultimate Comics” (no Brasil foi intitulada de Millenium) em que mostrava seus personagens com um visual mais modernizado em um mundo aparentemente “relacionável” com o nosso. Já com dois anos de existência, publicando suas versões modernas de heróis consagrados como Homem-Aranha: Ultimate Spider-Man (2000) e X-Men:  Ultimate X-Men (2001) a Marvel decidiu apostar alto e fazer um projeto ambicioso: pegar seu time de heróis mais poderoso – Os Vingadores – e colocá-los como centro do Universo Ultimate. A grande dificuldade aqui é o fato de os super-heróis terem origens e desenvolvimento muito “incríveis” originalmente e que dificilmente você pode inseri-los em um universo “crível”, porém a Marvel entregou o desafio nas mãos da dupla Mark Millar e Bryan Hitch que não deixaram a peteca cair e entregaram o melhor que o universo Ultimate podia ter: The Ultimates 1 & 2 (Os Supremos, na versão Brasileira). Foi um sucesso de critica e público.



A Obra

Antes de tudo, para quem não está habituado a ler história em quadrinhos de super-heróis vou lhes contar uma das regras para compreendê-los: MUITO BARULHO POR NADA, essa é a regra. E os Supremos não escapam dela. Não há como negar, é uma obra extremamente ambiciosa e megalomaníaca, mas quando termina não altera em nada o status quo. Esse é o grande triunfo e também o grande problema da HQ. Parece com uma superprodução de Hollywood. Toda trama é muito grande, muito dinâmica e muito brilhosa, mas ao mesmo tempo muito vazia e não causa impacto nenhum no universo Ultimate. É um gibi que foi feito para virar filme, os diálogos com cutucadas políticas, cenas de ação incríveis, reviravoltas inesperadas e uma batalha final digna de Michael Bay.



História

Os Supremos 1 – É a introdução para esse universo e a reunião dos membros da equipe. Começa mostrando o Capitão America lutando na segunda Guerra Mundial e lidando com um adversário inesperado. Já nos tempos modernos, seu corpo é encontrado congelado, depois disso é reanimado pela SHIELD e é convocado junto com outros heróis para derrotar um mal maior que está diretamente relacionado ao seu passado.

Os Supremos 2 – Tensões internas e externas se criam com a ascensão da super-equipe que além de serem vistos como celebridades, estão lutando em guerras políticas como no Oriente-Médio. Porém, ninguém, nem mesmo os Supremos imaginam que o maestro manipulando todas as tensões é umas pessoas que eles no mínimo nem acreditam que pudesse existir.



Personagens

Na minha opinião são o ponto alto das HQ’s. Millar conseguiu trabalhar muito bem cada um dos supremos, lhes dando personalidades marcantes, ambiguidades morais e um bom propósito para estar na equipe. Não tem como não escolher seus personagens favoritos, odiar alguns e se identificar com outros. Todos foram muito bem encaixados e razoavelmente profundos.



  • Capitão América – A melhor representação de um homem fora do seu tempo. O Steve Rogers nesse universo ultimate é realmente um soldado no melhor e pior sentido da palavra.  Moralmente truculento, firme, antiquado, triste e solitário são algumas das características dele aqui. Ele não omite sua opinião, discorda dos comportamentos sociais dos colegas de equipe e nem arreda o pé de uma briga, porém sofre muito com o deslocamento social e questiona seu papel no mundo moderno.
  • Homem de Ferro - Descobrindo um tumor cerebral, Tony Stark revê seus conceitos sobre mundo e decide ajuda-lo. Ele é gênio extraordinário, excêntrico e ótimo no campo de batalha. Mas além de não controlar seu vício alcoólico é quase nulo em inteligência emocional.
  • Thor – Meu personagem favorito na trama. É um “campeão do povo”. Ninguém sabe se ele realmente é um deus, como diz ser, ou se é um louco. Dorme nas ruas, luta ao lado de protestantes contra poluição, desmatamento, grandes corporações e desigualdade social. É um guerreiro voraz e ao lado do Hulk talvez seja o supremo mais poderoso! Tem fortes opiniões políticas e uma fé na humanidade apaixonada e inabalável.
  • Hulk e Betty Ross – Bruce Banner é um cientista brilhante, mas extremamente inseguro, tenso e infeliz com sua condição de ter um monstro dentro de si. Está sempre desconfortável, reclamando e culpando Deus e o mundo por seus problemas. Já Betty, tem uma relação de amor e ódio com ele, ama-o, mas não consegue perdoa-lo e nem se aproximar dele por todo mal que faz quando se transforma no Hulk.
  • Homem-Formiga/Gigante e Vespa – Hank Pym e Janet são cientistas extraordinários e competem com Bruce Banner por reconhecimento na Shield. Apesar do sucesso profissional, esse casal sofre muito com um relacionamento disfuncional e agressivo. Hank tem baixa estima, complexo de inferioridade e precisa sempre estar por cima para se sentir bem, ele agride vespa fisicamente e verbalmente. Vespa tem um gênio forte, é indecisa e insatisfeita. Agride Hank verbalmente também, larga ele, mas ainda o ama.
  • Viúva Negra e Gavião Arqueiro – Agentes secretos da SHIELD, Natasha Romanoff e Clint Barton tem um bom relacionamento. A viúva tem todas às nuances de espiãs russas de filmes, incluindo o sarcasmo, sedução e ironia nas palavras. E o gavião parece ter saído de um filme de ação dos anos 80, é absurdamente habilidoso e mortal ao mesmo tempo em que é um paizão coruja e marido exemplar.
  • Feiticeira Escarlate e Mercúrio – Os irmãos Pietro e Wanda Maximoff estão na equipe só por política. São filhos do Magneto, terrorista mutante e eterno vilão dos X-Men. Os irmãos tem um relacionamento distante dos outros membros e intimamente tem entre si muitas insinuações incestuosas. Suas participações são cruciais no clímax do segundo volume.
  • Nicky Fury – O cabeça da Shield e encarregado por convocar os Supremos. É bem cínico e bem-humorado, mantém todos da equipe debaixo de seu controle e responde em público pelos atos da equipe.


O Roteiro de Mark Millar

Millar não escreve uma história em quadrinhos, ele escreve um FILME. Esse é sempre o grande problema dos gibis dele: eles começam pé no chão e no final se tornam algo diferente do que começaram. Os dois volumes da história são absurdamente estelares em termos de enredo! Ele abusa dos diálogos entre personagens e tensões que causam reviravoltas, além de manter um ritmo rápido e sempre inserir alguma discussão moral e política para a reflexão.

Porém, se ele escreve um filme, os problemas de filmes não poderiam faltar: os personagens têm personalidades definidas, mas sem profundidade. Você se comove em uma cena, mas a seguinte torna ela inválida. A solidão do Capitão América no momento em que se abre com o amigo de guerra Bucky é tocante, o julgamento público e execução do Hulk também mexem com as emoções, porém quando o ato final de cada volume entra tudo é deixado de lado e os personagens e seus motivos e destinos são esquecidos.

Isso acontece com os personagens também, o Hank Pym que agride sua esposa no primeiro volume, aparece no segundo como um homem totalmente altruísta, ele não parece arrependido, parece outro personagem. No fim da história Vespa faz as pazes com Hank, mas ele se arrependeu de ter batido nela? Betty Ross está sofrendo pela morte de Bruce? O Gavião está amargurado pelo assassinato de sua família? Não dá pra saber, é tudo superficial. A prova disso é o final do segundo volume quando Loki se revela como vilão e temos um desfecho rápido e uma derrota simplória nas mãos de Thor, para um vilão que mesmo sem aparecer foi costurando seu plano desde a primeira edição.



A Arte de Bryan Hitch

A escolha do desenhista foi perfeita, pois um dos maiores problemas dos quadrinhos estadunidenses é combinar um roteiro que seja coeso com a arte. O estilo realista de Hitch, o layout das páginas, a falta de onomatopeias e o ritmo do roteiro contribuem para o visual de “superprodução cinematográfica” da HQ. Ha momentos que são os quadros de Hitch trazem ao leitor todo o poder da cena: o Ataque à família do Gavião, os supremos batalhando desesperadamente contra o Thor e a incrível sequência de oito páginas da batalha final são de tirar o fôlego!

O único problema é sua relação com a arte-final: Se em um quadro Nick Fury é a cara do Samuel L. Jackson, não se parece em nada com ele em outro quadro. Algumas vezes os personagens são bem detalhados quando ha alguns close-ups em seus rostos, porém em outros ângulos eles já não têm a mesma riqueza de detalhes.


A FAMOSA SEQUÊNCIA DE 8 PÁGINAS!


Conclusão

Não há como negar que a Marvel já pensava em ter seus super-heróis fazendo fortuna no cinema.  Olhando para trás da pra ver nitidamente que a ideia do Universo e fazer uma base para roteiros de filmes. Não digo isso somente pela semelhança dos personagens com atores famosos: Nick Fury/Samuel L. Jackson, Viúva Negra/Linda Hamilton e Charles Xavier/Patrick Stewart (sem contar a conversa dos supremos sobre quais atores poderiam interpreta-los na telona) e pela semelhança que os gibis dos supremos têm com o universo Marvel nos cinemas, por exemplo: Bruce banner sendo jogado de um helicóptero para se transformar no Hulk (The Incredible Hulk, 2008), o relacionamento de Tony Stark com a Viúva Negra (Iron Man 2, 2010) e o Loki por trás de um grande plano para dominar a humanidade (Avengers, 2012).

Digo isso, pois toda a discussão do gibi gira em torno de elementos compostos para fazer um blockbuster “hollywoodiano”: As implicações políticas e insatisfações das outras nações em relação à posição de “Xerife do Mundo” dos EUA. Os americanos são vistos como arrogantes, mas salvam o mundo no final, a Viúva Negra é a espiã russa traidora e Abdul Al-Rahman é um assassino sem coração do oriente médio que apesar de ter a mesma força do capitão, não tem os valores e coração do herói americano.

Os Supremos #1 e #2 são hq’s muito boas e fazem jus ao título de clássicos modernos. Eu vou dizer eu pessoalmente não gostei, mas é inegável a qualidade da obra. Se vale 99,00R$ cada um, eu não sei. Mas recomendo tanto para fãs de histórias em quadrinhos, quanto para não fãs lerem e tirarem suas próprias conclusões.



COMO DIRIA STAN LEE: NUFF'SAID!

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Os Supremos 1 e 2 – Edição Especial
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Mark Millar (roteiro), Bryan Hitch (arte), Andrew Currie e Paul Neary (arte-final) e Paul Mounts (cores) - Publicado originalmente em The Ultimates #1 a #13 e  The Ultimates 2 # 1 a # 13.
Número de páginas: 408
Data de lançamento: Julho de 2012

Leitura Auxiliar e Referências:

Wikipedia (Em Inglês):
Mark Millar - Site Oficial

Resenha  do Universo HQ:





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