Damn Good Coffe!
Ok, você é um cara antenado, já tá sabendo da volta da série Twin Peaks (se o G1 postou é porque é verdade, certo? ¬¬) e aí, meu caro, eu tenho 3 perguntas para você:
1 – Nunca ouviu
falar da série? o.O Leia os próximos parágrafos para saber que série é essa que
faz grande parte do Universo geek/nerd/cult/Augusta tremer com a notícia! ;)
2 – Já ouviu
falar, mas nunca assistiu? Continue a leitura desse post... =)
3 – Está,
assim como eu, petrificado e estarrecido com essa noticia, mais que Dale Cooper
quando vê a ninfeta Audrey na frente dele? Então, meu amigo, espero que goste
do post! :D
Ah, uma
pergunta extra: você já ouviu a série não gosta dela? Esquisita demais? Chata?
Então cai fora! Vai fazer algum teste mais “interessante” no BuzzFeed!
Xô! =P
Bem, vamos
lá! Twin Peaks foi uma série americana que foi ao ar pela primeira vez entre
1990 e 1991 (lá nos EUA, por que aqui, como tá lá no Wikipédia, a série chegou
a ter alguns episódios transmitidos pela Globo em 1991, depois do Fantástico,
mas não teve a audiência desejada pela emissora e – como a emissora é mestre em
fazer – começaram a pular episódios e depois tiraram do ar de vez). Criada pelo
cineasta “surrealista” David Lynch e por Mark Frost, o enredo da série era
simples e clássico entre histórias policiais: numa cidade do interior, a garota
mais popular é morta, e um agente do FBI chega para tentar desvendar o caso e
prender o criminoso, achando que o assassinato pode ser obra de um serial killer.
Com essa
trama básica, seus criadores exploram as esquisitices e peculiaridades da
cidade, frutos da mente incomum e única de David Lynch. Sombria e apaixonante,
a série fez grande sucesso nos EUA e, mesmo depois de cancelada, passou a ser
cultuada até hoje! Para ter uma ideia do clima da série, basta ver o vídeo do
anúncio da volta do seriado, postado pelo seu criador no Twitter: https://twitter.com/DAVID_LYNCH
Ou ainda o
famoso trecho da sala vermelha (calma, falarei mais dela depois):
Bem, por que
a série é tão cultuada? Só por que é estranha? Não, mais que isso!
Quando
apresentada ao público, Twin Peaks era uma série única! Os americanos ainda
estavam vivendo o boom colorido das séries dos anos 80, com as comédias Galera do Barulho, Três é Demais e ALF, e algumas séries já tentavam
romper com o estereótipo de vida perfeita, como Seinfeld, Um Amor de Família, Anos Incríveis e Roseanne. Quem gostava de
ficção ou terror, tinha que se contentar com as (boas, mas nem tanto) séries Quantum Leap, Missão Alien (uma versão
boazinha de Distrito 9, em que os alienígenas ficavam bêbados tomando leite), Pesadelos de Freddy e a
clássica Jornada nas Estrelas: Nova
Geração. O povão, consumia as
clássicas soap operas, novelas
americanas bem falsas e manjadas, como General Hospital, Peyton Place, Days of Our Lives (ou DOOL,
como dizia o Joey de Friends – sim, ela existe!) e All My Children. O Próprio canal
ABC, onde Twin Peaks foi transmitida, tinha suas novelas de sucesso, como On Life to Live e Ryan’s Hope. Essas
novelas tinham estruturas narrativas semelhantes a Dallas, a mais
famosa delas transmitida aqui no Brasil (e também revivida recentemente).
Séries policiais, além de reprises das clássicas dos anos 70, como Casal 20, tinha L.A. Law e a famosinha (também
revivida em filme) Anjos da Lei.
Nesse
panorama, surge uma série policial que parece novela soap opera, com alguns elementos de comédia e alguns de ficção e
terror. Mas nada de estereótipos explorados pelas séries acima, todos juntados
num “Frankstein televisivo”. Nada disso! Os temas eram explorados de forma nova
e única, com o olhar sombrio, misterioso e surrealista de David Lynch e muitos
dos estereótipos das séries (sobretudo das novelas) eram de certa forma
homenageados e ridicularizados. A própria ABC sabia que estava diante de algo
novo e único na história da TV!
Mark Frost já havia escrito,
entre outras coisas (inclusive episódios do Homem de Seis Milhões de
Dólares), o roteiro do filme Adoradores do Diabo (de 1987, não a cópia de
Pânico =P) e episódios para a série Hill Street Blues:
Aí o cara se
juntou com David
Lynch, já conhecido na época pelas suas bizarrices em Eraserhead, Duna e Veludo Azul, que
fazem os filmes do Tim Burton parecer coisa de criança:
Os dois
preparam um piloto que, caso a série não vingasse, seria comercializado como
filme (com um final bem tosco nessa versão não transmitida). Mas para o nosso
bem, a série foi um sucesso! Tanto que Twin Peaks estreou um hábito já tão
comum àqueles que vivem conectados à Internet e são fãs de seriados e afins:
fãs criaram um site onde discutiam as pistas da série e tentavam desvendar a
resposta para a famosa pergunta “quem matou Laura Palmer?”.
A pressão
dos fãs e da emissora foi tanta, que David Lynch foi forçado a preparar uma
segunda temporada – contra sua vontade – e revelar (nos primeiros episódios da
nova temporada), quem foi o assassino de Laura Palmer (de certa forma)! Como
era de se esperar (menos os produtores, que sabe lá porque, sempre esperam algo
diferente), a qualidade da série decaiu na segunda temporada, principalmente
porque David Lynch e Mark Frost passaram a não se dedicar a ela com a mesma
paixão e os episódios eram escritos e dirigidos por outras pessoas. Quem a
assiste a segunda temporada com atenção, percebe nitidamente o quanto ela é “menor”,
com episódios quase cômicos, totalmente dentro do padrão de outras séries da
época ou, em alguns deles, apenas “homenagens” de outros artistas e diretores,
que tentavam imitar a arte de Lynch. Mark e David voltam no final da temporada,
salvando a série e assinando o maravilhoso último episódio, mostrando que
realmente são os mestres no assunto.
Dentre
elementos clássicos da série, eu gostaria se citar o seu tema de abertura,
composto magicamente por Angelo Badalamenti, para uma abertura insuperável:
A pequena cidade
fictícia de Twin Peaks, no norte dos EUA, amanhece um dia com a trágica notícia
da morte de Laura Palmer, garota mais popular da cidade, encontrada nua,
enrolada em plástico, à beira do rio. Para ajudar nas investigações, entra em
cena o agente especial do FBI Dale Cooper e seus métodos bizarros de
investigação (incluindo a gravação de anotações num gravadorzinho portátil de
fita, para uma tal de Diane, que nunca apareceu na série).
O agente
Cooper logo se encanta com a cidade (e pelo café e torta do RR Cafe), que quase
lembra um cenário de filmes dos anos 1950 e acredita que a morte de Laura é
fruto de um serial killer,
responsável por outra morte. Aos poucos, ele vai percebendo que a cidade e o
crime estão além da normalidade e de circunstâncias comuns, e elementos
sobrenaturais vão sendo introduzidos, como a visão da mãe de Laura, quando vê
Bob ao pé da cama dela.
No final do
segundo episódio da primeira temporada, Cooper tem um sonho estranho e revelador,
que é a sequência mais famosa da série. Sequência essa que, na verdade, foi concebida
como parte do final alternativo do piloto, e reaproveitada na série.
Aos poucos,
vão surgindo os podres da cidade, muitos deles ligados a Ben Horne, dono do
hotel da cidade e de vários negócios, mas também envolvido com tráfico de
drogas e com um prostíbulo. Tudo liga à Laura (ou não) e enquanto seguem as
investigações, a mãe de Laura vai ficando mais depressiva e o pai
enlouquecendo.
A segunda
temporada começa bem, com outro sonho estranho de Cooper e mais elementos sobrenaturais
e misteriosos.
Muitos desses
elementos do começo dessa temporada você já viu em Lost, série que com certeza
bebeu de Twin Peaks para criar seus mistérios. O mais perceptível é o conceito
do Black Lodge (a sala vermelha), que só será totalmente compreendido (ou não),
no último episódio da série, quando, entre outras coisas, Laura Palmer (ou não)diz ao agente que o verá novamente em 25 anos:
Aí, meu
amigo, a série ficou cada vez mais cult, mesmo com um filme posterior(que quase
ninguém gosta), contando como Laura Palmer morreu:
E vieram
DVDs, uma Golden Box com a série remasterizada (que eu tenho, muito bom), livros sobre a série,
e recentemente, um box blu-ray sensacional, com extras, muitos extras! :D
E então, o
iminente anúncio da volta, 25 anos depois (mais ou menos), pelo criador da
série! =)
Mark Frost
lançará um novo livro, linkando os 25 anos entre o último episódio da segunda
temporada e os episódios que estão por vir (estamos aguardando esse livro em português hein, editoras desse nosso
Brasil!) e em 2016 teremos 9
belíssimos e novos episódios de Twin Peaks, escritos e dirigidos (ou
produzidos) pelos seus mestres criadores! =D
Você é fã de
séries? Gosta de Lost, True
Detective, The Killing, Fringe? Então recomendo muito que assista aos
episódios (e filme) de Twin Peaks e prepare-se para ter pesadelos maravilhosos
em 9 noites de 2016, com uma torta de cereja ou um donut numa mão e uma belo
café na outra! =)
Quando aos
novos episódios estiverem para estrear, quem sabe posto aqui umas teorias
malucas que fiz, analisando os episódios antigos... Até lá! ;)
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