sexta-feira, 17 de outubro de 2014

TWIN PEAKS – “That gum you like is going to come back in style!”




Damn Good Coffe!



Ok, você é um cara antenado, já tá sabendo da volta da série Twin Peaks (se o G1 postou é porque é verdade, certo? ¬¬) e aí, meu caro, eu tenho 3 perguntas para você:
1 – Nunca ouviu falar da série? o.O Leia os próximos parágrafos para saber que série é essa que faz grande parte do Universo geek/nerd/cult/Augusta tremer com a notícia! ;)
2 – Já ouviu falar, mas nunca assistiu? Continue a leitura desse post... =)
3 – Está, assim como eu, petrificado e estarrecido com essa noticia, mais que Dale Cooper quando vê a ninfeta Audrey na frente dele? Então, meu amigo, espero que goste do post! :D

Ah, uma pergunta extra: você já ouviu a série não gosta dela? Esquisita demais? Chata? Então cai fora! Vai fazer algum teste mais “interessante” no BuzzFeed! Xô! =P

Bem, vamos lá! Twin Peaks foi uma série americana que foi ao ar pela primeira vez entre 1990 e 1991 (lá nos EUA, por que aqui, como tá lá no Wikipédia, a série chegou a ter alguns episódios transmitidos pela Globo em 1991, depois do Fantástico, mas não teve a audiência desejada pela emissora e – como a emissora é mestre em fazer – começaram a pular episódios e depois tiraram do ar de vez). Criada pelo cineasta “surrealista” David Lynch e por Mark Frost, o enredo da série era simples e clássico entre histórias policiais: numa cidade do interior, a garota mais popular é morta, e um agente do FBI chega para tentar desvendar o caso e prender o criminoso, achando que o assassinato pode ser obra de um serial killer.

Com essa trama básica, seus criadores exploram as esquisitices e peculiaridades da cidade, frutos da mente incomum e única de David Lynch. Sombria e apaixonante, a série fez grande sucesso nos EUA e, mesmo depois de cancelada, passou a ser cultuada até hoje! Para ter uma ideia do clima da série, basta ver o vídeo do anúncio da volta do seriado, postado pelo seu criador no Twitter: https://twitter.com/DAVID_LYNCH

Ou ainda o famoso trecho da sala vermelha (calma, falarei mais dela depois):




Bem, por que a série é tão cultuada? Só por que é estranha? Não, mais que isso!
Quando apresentada ao público, Twin Peaks era uma série única! Os americanos ainda estavam vivendo o boom colorido das séries dos anos 80, com as comédias Galera do Barulho, Três é Demais e ALF, e algumas séries já tentavam romper com o estereótipo de vida perfeita, como Seinfeld, Um Amor de Família, Anos Incríveis e Roseanne. Quem gostava de ficção ou terror, tinha que se contentar com as (boas, mas nem tanto) séries Quantum Leap, Missão Alien (uma versão boazinha de Distrito 9, em que os alienígenas ficavam bêbados tomando leite), Pesadelos de Freddy e a clássica Jornada nas Estrelas: Nova Geração.  O povão, consumia as clássicas soap operas, novelas americanas bem falsas e manjadas, como General Hospital, Peyton Place, Days of Our Lives (ou DOOL, como dizia o Joey de Friends – sim, ela existe!) e All My Children. O Próprio canal ABC, onde Twin Peaks foi transmitida, tinha suas novelas de sucesso, como On Life to Live e Ryan’s Hope. Essas novelas tinham estruturas narrativas semelhantes a Dallas, a mais famosa delas transmitida aqui no Brasil (e também revivida recentemente). Séries policiais, além de reprises das clássicas dos anos 70, como Casal 20, tinha L.A. Law e a famosinha (também revivida em filme) Anjos da Lei.

Nesse panorama, surge uma série policial que parece novela soap opera, com alguns elementos de comédia e alguns de ficção e terror. Mas nada de estereótipos explorados pelas séries acima, todos juntados num “Frankstein televisivo”. Nada disso! Os temas eram explorados de forma nova e única, com o olhar sombrio, misterioso e surrealista de David Lynch e muitos dos estereótipos das séries (sobretudo das novelas) eram de certa forma homenageados e ridicularizados. A própria ABC sabia que estava diante de algo novo e único na história da TV!



Mark Frost já havia escrito, entre outras coisas (inclusive episódios do Homem de Seis Milhões de Dólares), o roteiro do filme Adoradores do Diabo (de 1987, não a cópia de Pânico =P) e episódios para a série Hill Street Blues:





Aí o cara se juntou com David Lynch, já conhecido na época pelas suas bizarrices em Eraserhead, Duna e Veludo Azul, que fazem os filmes do Tim Burton parecer coisa de criança:



Os dois preparam um piloto que, caso a série não vingasse, seria comercializado como filme (com um final bem tosco nessa versão não transmitida). Mas para o nosso bem, a série foi um sucesso! Tanto que Twin Peaks estreou um hábito já tão comum àqueles que vivem conectados à Internet e são fãs de seriados e afins: fãs criaram um site onde discutiam as pistas da série e tentavam desvendar a resposta para a famosa pergunta “quem matou Laura Palmer?”.

A pressão dos fãs e da emissora foi tanta, que David Lynch foi forçado a preparar uma segunda temporada – contra sua vontade – e revelar (nos primeiros episódios da nova temporada), quem foi o assassino de Laura Palmer (de certa forma)! Como era de se esperar (menos os produtores, que sabe lá porque, sempre esperam algo diferente), a qualidade da série decaiu na segunda temporada, principalmente porque David Lynch e Mark Frost passaram a não se dedicar a ela com a mesma paixão e os episódios eram escritos e dirigidos por outras pessoas. Quem a assiste a segunda temporada com atenção, percebe nitidamente o quanto ela é “menor”, com episódios quase cômicos, totalmente dentro do padrão de outras séries da época ou, em alguns deles, apenas “homenagens” de outros artistas e diretores, que tentavam imitar a arte de Lynch. Mark e David voltam no final da temporada, salvando a série e assinando o maravilhoso último episódio, mostrando que realmente são os mestres no assunto.

Dentre elementos clássicos da série, eu gostaria se citar o seu tema de abertura, composto magicamente por Angelo Badalamenti, para uma abertura insuperável:


A pequena cidade fictícia de Twin Peaks, no norte dos EUA, amanhece um dia com a trágica notícia da morte de Laura Palmer, garota mais popular da cidade, encontrada nua, enrolada em plástico, à beira do rio. Para ajudar nas investigações, entra em cena o agente especial do FBI Dale Cooper e seus métodos bizarros de investigação (incluindo a gravação de anotações num gravadorzinho portátil de fita, para uma tal de Diane, que nunca apareceu na série).


O agente Cooper logo se encanta com a cidade (e pelo café e torta do RR Cafe), que quase lembra um cenário de filmes dos anos 1950 e acredita que a morte de Laura é fruto de um serial killer, responsável por outra morte. Aos poucos, ele vai percebendo que a cidade e o crime estão além da normalidade e de circunstâncias comuns, e elementos sobrenaturais vão sendo introduzidos, como a visão da mãe de Laura, quando vê Bob ao pé da cama dela.


No final do segundo episódio da primeira temporada, Cooper tem um sonho estranho e revelador, que é a sequência mais famosa da série. Sequência essa que, na verdade, foi concebida como parte do final alternativo do piloto, e reaproveitada na série.


Aos poucos, vão surgindo os podres da cidade, muitos deles ligados a Ben Horne, dono do hotel da cidade e de vários negócios, mas também envolvido com tráfico de drogas e com um prostíbulo. Tudo liga à Laura (ou não) e enquanto seguem as investigações, a mãe de Laura vai ficando mais depressiva e o pai enlouquecendo.

A segunda temporada começa bem, com outro sonho estranho de Cooper e mais elementos sobrenaturais e misteriosos.


Muitos desses elementos do começo dessa temporada você já viu em Lost, série que com certeza bebeu de Twin Peaks para criar seus mistérios. O mais perceptível é o conceito do Black Lodge (a sala vermelha), que só será totalmente compreendido (ou não), no último episódio da série, quando, entre outras coisas, Laura Palmer (ou não)diz ao agente que o verá novamente em 25 anos:

Aí, meu amigo, a série ficou cada vez mais cult, mesmo com um filme posterior(que quase ninguém gosta), contando como Laura Palmer morreu:


E vieram DVDs, uma Golden Box com a série remasterizada (que eu tenho, muito bom), livros sobre a série, e recentemente, um box blu-ray sensacional, com extras, muitos extras! :D

E então, o iminente anúncio da volta, 25 anos depois (mais ou menos), pelo criador da série! =)

Mark Frost lançará um novo livro, linkando os 25 anos entre o último episódio da segunda temporada e os episódios que estão por vir (estamos aguardando esse livro em português hein, editoras desse nosso Brasil!) e em 2016 teremos 9  belíssimos e novos episódios de Twin Peaks, escritos e dirigidos (ou produzidos) pelos seus mestres criadores! =D

Você é fã de séries? Gosta de Lost, True Detective, The Killing, Fringe? Então recomendo muito que assista aos episódios (e filme) de Twin Peaks e prepare-se para ter pesadelos maravilhosos em 9 noites de 2016, com uma torta de cereja ou um donut numa mão e uma belo café na outra! =)

Quando aos novos episódios estiverem para estrear, quem sabe posto aqui umas teorias malucas que fiz, analisando os episódios antigos... Até lá! ;)



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