domingo, 16 de fevereiro de 2014

A Terceira Era de Ouro da TV - Devaneios sobre o atual momento da TV (Fragmentos de um Pseudo TCC)







Some Dark Shit...






Olá pessoas! Depois de muito tempo o Speak Mellon volta, e para quem não faz parte do meu ciclo de amigos que eu praticamente "obrigo a ler o blog", já deve estar se acostumando com o ritmo dessa joça aqui, (embora ache difícil ter algum público "normal" para esse blog). Isso aqui ficou parado devido ao desenvolvimento de um TCC para à minha pós que, olha só, DEU TOTALMENTE ERRADO! Não vou ficar aqui enchendo o seu saco com os "porquês" de ter dado errado. Isso seria mais apropriado para uma sessão com um psicólogo, mas resumindo tudo, esse post é um pouco do que eu queria falar no meu TCC.


Ainda não falamos sobre TV aqui no blog, e queria tocar no assunto desde o fim de Breaking Bad, mas com tantos outros posts por aí, decidi ficar quieto mesmo e ficar com aquela experiência fabulosa que foi ver Breaking Bad por três meses. Graças a série e ao livro "Difficult Men" de Brett Martin, a terceira era de ouro da TV ficou bem popular. Mas Vader, que porra é essa de terceira era de ouro da TV? Me explica essa porra? Resumindo da forma mais rápida possível, temos três eras de ouro na TV americana:







Primeira Era de Ouro - Meados dos anos 50' até o começo dos anos 70', com muitos shows em formato de antologia como The Twilight Zone. Sua influência é sentida hoje com séries neste mesmo formato de antologia (American Horror Story e True Detective). Era um período experimental na TV que ainda sofria com algumas limitações.






Segunda Era de Ouro: Anos 70' até o começo dos anos 90'. Aqui a TV chegou em seu formato clássico, com vários shows policiais, dramas médicos e comédias de sitcom. Infelizmente a TV ainda era vista como uma "mídia menor" comparada ao cinema. Nela ainda vimos um pequeno aperitivo do que seria a próxima era da tv, com Twin Peaks, série de David Lynch na ABC.















A Terceira Era de Ouro: Metade dos anos 90' até o presente momento. E a era da revolução da TV a Cabo. Era em que o canal HBO mudou todas as regras e dogmas da TV, e mostrou que podemos ter um produto melhor que o cinema. A Internet e o boom da Home Vídeo com o DVD também ajudam esse processo. Shows como Oz, Os Sopranos, Six Feet Under, The Wire na HBO, The Shield no FX, LOST na ABC e Mad Men e Breaking Bad no AMC se destacam na cultura Pop. Formada em maioria por anti-heróis masculinos enfrentando problemas complexos em suas vidas pessoais e profissionais (se você contar máfia como um "trabalho"), essa é a sua principal característica.





















Mas por que essa era deu tão certo? Acho que se pode dizer que foram vários fatores, mas o principal é a falta de coragem do cinema em apostar em uma temática mais adulta. Sim ainda temos bons filmes, principalmente os indies, mas vamos combinar né? Todos nós sabemos que o cinema quer ganhar o máximo de dinheiro possível. Então temos cada vez mais Blockbusters, adaptações de livros, HQ's e uso de novas tecnologia como o 3D e o IMAX. Claro que isso não é ruim e eu nem posso reclamar já que 90% dos posts deste blog são sobre esses filmes, mas antigamente nós tínhamos filmes com um teor dramático e adulto na mesma época que essas grandes produções estreavam. Mas se por um lado o cinema deixou de investir em produções mais adultas, sua técnica e estilo migraram para as produções de TV. A direção cinematográfica é outra característica desta era de ouro. Nada de tomadas com planos curtos e fechados. Hoje em dia temos até Plano Sequência como visto na série da HBO, True Detective.







Outra forte característica é o melhor planejamento destas produções para TV. Sim, a TV a cabo tem mais condições de manter um projeto do que canais abertos, e muitas produções ainda dependem de audiência e anunciantes, mas cada vez mais vemos produções com finais planejados. Nada de 8, 9 ou até 10 temporadas. Está praticamente sacramentado que boas séries se resumem à 4 ou seis temporadas no máximo e as vezes optando por finais em aberto como no cinema. O número de episódios também diminuiu. Ao contrário do esquema clássico de 23 episódios, agora as produções preferem contar uma trama mais direta e com menos enrolações em 13 episódios.



Mas acho o que mais influenciou essa última era de ouro com certeza foi a Internet. Nunca a experiência de ver um programa de TV foi tão compartilhada entre os espectadores como hoje. Ferramentas como Twitter e Facebook criam o Hype e medem em tempo real o impacto de um episódio. A experiência da "Tela Dupla", onde os espectadores assistem esses shows e comentam na mesma hora com seus amigos por dispositivos móveis, criam um experiência única entre os fãs desses shows. Shows como Game of Thrones ou Breaking Bad viram os assuntos mais comentados na rede. Se você não consegue acompanhar, corre o risco de ficar de fora da conversa semanal. E claro que não posso esquecer do grande fenômeno que é o Netflix, empresa americana que começou com uma locadora de filmes delivery, e que enxergou no stream um novo mercado. Hoje além do seu catálogo de filmes, o Netflix investe em suas próprias produções originais como House of Cards, série que levou 14 indicações no último Emmy e que começou sua segunda temporada nessa semana.




O Netflix oferece uma experiência diferente dos canais de TV. Aproveitando sua plataforma de streaming e o hábito de vários espectadores que preferem ver séries de um vez só (o chamado Binge Watching). O Netflix disponibiliza suas produções inteiras de uma vez só. Você pode ver House of Cars ou Orange is the New Black de uma vez só. Nada de ficar esperando pelo próximo episódio. Um formato mais direto e que não se preocupa com audiência e nem a opinião pública para mudar o destino de suas produções. Ainda é um conceito muito novo. e não podemos saber se isso vai usado com mais frequência por outras produtoras ou canais de TV, mas o Netflix mostra um novo caminho e uma nova experiência em assistir TV.





Mas tá, o que nós podemos esperar do futuro?





Não sou o Robério de Ogum, mas posso dar um "My Cents About" sobre o futuro da TV.


Sendo assim... METALIZEI!  


Acho que a Internet vai unificar tudo. TV e cinema sendo cada vez mais vistos pela rede. As salas de cinema vão continuar como "Passeios e brinquedos" diferentes. Você vai para ver um espetáculo visual. Os roteiro vão continuar ruins, mas o visual é que vai contar mesmo. As boas ideias irão para o cinema independente e se você tiver muito talento, você poderá ir para a TV. Os canais de TV vão dar ainda mais importância para a Internet. Seja liberando suas séries para o Netflix, ou criando sistemas parecidos com o próprio Netflix, mas com conteúdo único e exclusivo desses canais. Mas o mais importante é que a qualidade para desenvolver essas produções vão ser iguais. Filmes e produções de TV já não estão tão separados em termos técnicos. Embora ainda seja muito usado, a figura do anti-herói já tá ficando bem batida. Uma hora o público vai enjoar disso e veremos uma nova tendência para novas produções.





E o Brasil? O Brasil? Bem, como diz o Raul Gil:

Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!


Eu não vejo as produções nacionais na TV aberta evoluindo. Até três semanas atrás, um beijo Gay gerou uma comoção de espanto, então não espere um salto maior nas produções nacionais. Assim como no cinema, veremos cada vez mais produções tentando usar fórmulas batidas, mas em versões nacionais. Estamos copiando praticamente tudo, mas sem a mesma competência deles. A TV a cabo tem mais chances, já que com a nova lei de incentivo para produções nacionais determina que os canais fechados dediquem 30% de sua programação para produções nacionais. Infelizmente como eu já disse, ainda vamos copiar muita coisa antes de criar uma identidade própria.


É...ainda tem muita coisa para acontecer na TV, e como disse o Orson Welles:


Eu odeio a televisão. Eu odeio tanto quanto odeio amendoins. Mas eu não consigo parar de comer amendoins.”  









Nenhum comentário:

Postar um comentário