sábado, 22 de fevereiro de 2014

My Two Cents About - RoboCop (2014)





Cadê a sua coragem, Padilha? Vai fazer o quê com todo esse orçamento? Vai fazer referência clichê do original? Vai enfiar no cu? Então cria vergonha na cara e tenha coragem, Porra!






Finalmente chegou aos cinemas um dos remakes mais discutidos dos últimos tempos. Robocop, clássico dos anos oitenta ganhou uma nova versão dirigida pelo diretor brasileiro, José Padilha, que vem credenciado pelos dois Tropas de Elite que foram sucessos de crítica e público. Um diretor que mostrou que sabe explorar temas espinhentos do nosso país como a corrupção e a violência. As expectativas estavam dividas. Por um lado todos queriam ver como Padilha iria recontar esse grande filme, mas por outro todos estavam com medo de mais um péssimo remake de um clássico. Padilha conseguiu fazer o básico, que é não foder com o legado de um grande filme, mas se formos comparar esse novo filme com o clássico, o Padilha tem que "tirar essa farda preta" porque ele ainda é moleque perto de um Paul Verhoeven.






A trama é bem parecida com o original, mas aqui temos algumas mudanças que trouxeram uma nova dinâmica para esse remake, que em alguns casos foi boa, mas que em outras foi péssima. Logo no começo temos uma cena que lembra muito METAL GEAR SOLID 4, com um confronto no Oriente Médio onde robôs da OCP ajudam à pacificar uma área em crise. Nessa sequência somos apresentados ao personagem de Samuel L. Jackson, Pat Novak, que é uma espécie de Deputado Fortunato do filme. Um apresentador reacionário e que defende o uso de robôs dentro dos EUA. Mas logo de cara temos o primeiro problema do filme que é o futuro em si mostrado na trama, onde não temos um pingo se quer de perigo ou violência desenfreada como no clássico. Só por isso você já não leva tão sério a premissa do filme. Ora, se você diz que os robôs são solução para o futuro e que o combate do crime seria melhor, porque não vemos uma cidade realmente perigosa? A Detroit que é mostrada no filme parece uma paraíso. Sério que o Padilha não viu como a coisa tá feia por lá? Robôs ou humanos não fazem nenhuma diferença nessa cidade.






O presidente da OCP, Raymond Sellars (interpretado pelo Michael "I'm BATMAN" Keaton) tenta emplacar o uso de seus robôs nos EUA, mas esbarra na opinião pública que ainda rejeita esse tipo de "arma" no próprio país. Então com a ajuda do cientista Dr. Dennett Norton (Gary "EEEEEEVERYOOOOOONEEEEEEE" Oldman), desenvolve um projeto que visa usar um humano dentro de um robô. E aí que entra o policial Alex Murphy (Joel Knniman), que após uma operação contra um traficante local, acaba sofrendo um atentado contra sua vida, e se vê praticamente morto. Nisso a OCP em busca de uma pessoa apta para o novo projeto, usa Murphy para os seus propósitos. Aí temos uma mudança, já que nesse remake, Murphy tem total consciência do que aconteceu com ele. Não é uma máquina que não lembra de nada. Há uma cena fantástica onde Murphy vê o que restou dele, mas isso é um dos problemas do filme também. No original vemos que Murphy começa à sonhar sobre o seu assassinato antes de achar os bandidos que fizeram isso com ele (o que é bem inovador se tratando de Hollywood. O clichê era ele ver o bandido e ter algum flash. Aqui o Verhoeveen se destaca). Era a sua "alma" voltando e fazendo o cara voltar e tentar descobrir o que aconteceu. Aqui ele já sabe de tudo e isso afeta o seu desempenho logo de cara, fazendo que a OCP crie um dispositivo que deixe ele como uma máquina. E aqui você sabe que ele logo vai burlar esse dispositivo.







Nisso temos sua esposa, Clara Murphy (A sempre linda, Abbie Cornish) e seu filho tentando entender o que a OCP fez com Murphy. Confesso que adorei isso, já que quando vi o original sempre me perguntei o que sua família iria achar do novo Murphy. O que eu realmente gostei foi a desenvolvimento do Robocop. Como ele foi montado, como ele é mantido. Isso foi um dos destaques do filme. Não é legal ser apenas um amontoado de órgãos vitais em um traje robótico. As "decisões de Marketing" que influenciam o "produto". Digamos que esse foi o "comentário social" do filme. Como manipular a opinião pública ao seu favor. Como as grandes corporações fazem isso. Nesse ponto o Padilha acerta um pouco, mas mesmo assim ainda fica um pouco "jogado". Como em Tropa de Elite ele mostra os dois lados da moeda, mas não defende nenhum. Não tem coragem de seguir só um lado, e isso é meio decepcionante. Isso reflete diretamente no final do filme, que foi muito, mas muito bundão. Faltou algo mais incisivo nesse filme. Outra coisa que me deixa meio puto com o Padilha são algumas cenas de tiroteio. Pensei que com mais grana ele perderia a mania de "câmera tremida" que ele tem, mas ele ainda insiste nisso em algumas cenas. Algumas sequências pareciam ter saído de algum cinematic de videogame, graças aos movimentos de câmera. Isso foi legal, mas em uma sequência perto do final perdeu totalmente o seu valor graças ao plano idiota de um vilão. Aliás essa sequência e à "apresentação" do Robocop para o público foram os momentos mais burros do filme (Eu cometi um assassinato, mas acho que não vai dar nada se eu for em UM EVENTO DA POLÍCIA DE DETROIT ¬¬ )







Para finalizar eu gostei das pequenas referências (apesar de eu zoar isso na minha abertura do post), como o modelo original do Robocop aparecendo em uma tela ou as frases clássicas. O tema original também foi uma boa lembrança, apesar de ser usado em alguns momentos de forma irônica no programa do Pat Novak. Imagine aquele tema foda do filme original...como música tema do CIDADE ALERTA ou do BRASIL URGENTE. Padilha até levanta algumas questões interessantes, mas no final fica "em cima do muro". Tem um momento do filme que ele poderia ter jogado um elemento de "Tropa de Elite 2" e ter explorado o lado corrupto da polícia de Detroit mais fundo, mas ele acaba "pipocando" e leva o filme para uma conclusão desinteressante. Ainda sim o filme não estraga completamente o original, e até se esforça em trazer algo mais arrojado. Não é uma perda de tempo, mas não é um filme memorável como o original. Acho que o Padilha começou bem sua carreira internacional, e espero que ele tenha mais liberdade em seus próximos projetos internacionais.



                



















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