"Maníacos tem medo de Maníacos"
Já dizia um grande pensador mexicano: “A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena”. Acho que só faltou isso nesse thriller com uma alta dose de humor negro. Considerado o melhor filme de 2013 pelo diretor Quentin Tarantino, Big Bad Wolves é uma produção de Israel escrita e dirigida pela dupla Aharon Keshales e Navot Papushado. É uma história de vingança com muita influência do próprio Tarantino (Esse Tarantino é malandro, fala mal de uma monte de gente que imita ele, mas aí elege uma filme "Tarantino Europeu" como o melhor do ano =P ), mas sem soar como uma cópia barata.
Uma onda assassinatos de crianças está acontecendo, e depois de um caso recente, o detetive Miki está no encalço de Dror, um professor de teologia que aparenta ser calmo. Miki acredita que o professor é o principal suspeito de cometer todos esses assassinatos. Miki é o clássico policial que segue a linha Bad Cop de interrogação, não ligando muito para as regras. Ele tenta obter respostas espancando o professor, só que ele não percebe que estava sendo gravado por um adolescente. O vídeo vai para na internet e ele acaba sendo demitido da polícia, mas continua no encalço do professor para saber se realmente ele é o autor dos crimes. Nisso somos apresentados a Gid, pai da última vítima do assassino. Ele também acredita que o professor é o autor dos crimes e então compra uma casa para executar um plano de vingança. Os destinos dos três personagens se cruzam com resultados surpreendentes.
O filme lembra pouco outro thriller do ano passado, Prisioners, mas ao contrário do filme sério americano, aqui temos uma abordagem no mínimo inusitada e corajosa. Pedofilia é assunto sério, mas graças ao humor negro do filme o expectador - Aquele que consegue desligar o seu “radar de moralidade”, e não ficar ofendido - consegue ficar um pouco mais “relaxado” para acompanhar o desenrolar da trama, que contém várias cenas de tortura. Lembra daquela cena de tortura de Cães de Aluguel? O filme é praticamente uma extensão daquela cena, mas com um peso e desfecho bem mais sérios. É um daqueles filmes que se fossem produzidos nos Estados Unidos, com certeza iria ser massacrado pela crítica, já que a sua abordagem não é 100% séria com o assunto, diferente de filmes como Prisioners e Zero Dark Thirty. Ao mesmo tempo e que ele “te diverte”, ele te deixa com uma sensação ruim no final. Digamos que o público "civil" (™ MdM) americano nunca irá comprar esse filme, mas eu acho que boa parte do do público brasileiro (A galerinha de extrema direita reaça =P ) iria adorar esse filme.
No aspecto técnico, o filme também surpreende. Nada de câmera na mão aqui, e sim vários planos bem pensados, usando muitas tomadas abertas, travellings e steady cams. Tem hora que parece um filme do Wes Anderson, guardadas as devidas proporções. Muitas sequências, como a inicial, são feitas com câmera lenta que lembra muito estética de videoclipes. Toda essa combinação resulta em um filme que difere muito do visual de filmes comerciais e até de alguns independentes. A violência também é mostrada de uma forma “crua”, porém não chega ser um “gore” ou algo mais “Tarantinesco”. Digamos que está na medida certa.
Seja pela estética diferenciada ou a abordagem diferente para esse assunto, Big Bad Wolves é um grande filme para aqueles que gostam de serem surpreendidos. Sem dúvida ele vai te fazer pensar no final. O filme chega em um ótimo timing, já que o assunto de “Justiça pelas próprias mãos” ainda está em discussão, principalmente aqui no Brasil. Uma visão diferente sobre um tema batido que é a vingança. Como já diz uma das frases do filme:
"Maníacos tem medo de Maníacos"
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