Inspirado em uma trilogia de
livros juvenis, A 5ª Onda é só mais um filme do gênero “adolescentes
apaixonados salvando o mundo em um futuro distópico”. Não empolga, é meio sem
graça e não traz nenhuma novidade. Mas se você gosta de filmes na linha de Jogos
Vorazes e esse estiver passando na TV, pode assistir. Tem outros melhores, mas
se só tiver esse passando...
Historinha não tem segredo: um
belo dia chegam à Terra alienígenas que querem o planeta para eles. Eles mandam
uma onda eletromagnética, que desliga tudo que é elétrico. Outras “ondas” vem,
para nos exterminar, terremotos e maremotos, vírus letais transmitidos por
pássaros e infiltração dos aliens entre nós. Os adultos são a maioria mortos e
os jovens tem que treinar para combater os invasores. No meio disso, Cassie (Chloë Grace Moretz) vê a morte dos pais e seus irmão caçula é levado pelo exército. Ela não descansará até resgatar
seu irmãozinho querido, fazendo apenas uma pequena pausa para se apaixonar por
um lindo e misterioso jovem.
Bom, aí vem os problemas do
filme... Primeiro, o mais óbvio é que é só mais do mesmo: adolescentes de uma geração que
não tem a menor motivação para nada, tem vida fácil, fazem mimimi de tudo, mas
quando o mundo está para acabar, eles se tornam soldados da noite para o dia,
maduros e cheios de iniciativa e inteligência. Os adultos, como sempre, ou
estão lá só para enfeite, ou são facilmente derrotáveis pelo espírito jovem.
Sem falar que é mais um filme
militarista, uma propaganda norte-americana das forças armadas e de que tudo se
resolve na bala e no heroísmo. Dá aquela impressão de que todo jovem quer ser
soldado e sair atirando por aí, matando uns aliens, uns inimigos e invasores. Uma cultura explorada à
exaustão não só pelo cinema dos EUA, mas também – e principalmente – pela indústria
dos games. Inclusive, em alguns momentos, o filme lembra jogos na linha Call of
Duty, mas numa versão PG13.
Eu não sabia que o filme era
inspirado em livros, mas desconfiei, porque, além do ritmo apressadinho (as
coisas acontecem rápido demais), ficam muitas coisas sem explicação ou mal
expostas. Não li o livro, então não posso dizer se ele tapa esses buracos. Espero
que sim, pelo volume de vendas da série. Você (adulto), fica com várias
perguntas na cabeça, como “De onde vieram esse aliens?”, “Porque o
governo/exército ainda não fez nada?”, “De onde vieram essas pessoas?”, “Como
eles descobriram isso?”, “Como os invasores fizeram isso?”, e por aí vai.
Tudo fica ainda mais surreal
quando um líder do exército aparece com a informação que alienígenas podem se passar por humanos. Tudo é contado de forma superficial e suspeita, adultos são
mortos, menores de idade são levados e aí vem o discurso “vamos salvar o
planeta e para isso, precisamos de vocês, crianças de 5 anos que nunca viram
uma arma na vida” (que, desculpe quem gostou, mas passa longe do discurso de “cancelamento
do apocalipse” do filme Círculo de Fogo).
As coisas pioram quando parece
que você tá assistindo uma série teen ou uma versão gringa de Malhação. A
garota deslocada que quer salvar o irmãozinho encontra um jovem bonitão, de bom
coração e que domina artes marciais. Mas o coração dela ficará dividido
(mentira, isso foi explorado de maneira bem superficial e malfeita nesse filme)
entre o loiro certinho e o moreno rebelde que ela tinha conhecido na escola!
Aliás, esse garoto rebelde vira o melhor “soldado” da resistência jovem humana,
e acaba conhecendo outra garota (morena, porque Cassie é loira) rebelde, durona
e tão boa quanto ele! É uma chuva de estereótipos teens! Ah, eles tem apelidos
super legais, como “Zumbi”, “Ringer” e ‘Nugget”! =P
Tem até uma cena de banho, aquela
em que um personagem acorda no meio da floresta e vê outro personagem nu,
banhando-se no lago. Aqui invertido, com a garota vendo o cara que as garotas
deveriam babar na frente da tela! Advinha o que acontece quando o casal
encontra um carro abandonado no meio da floresta? Há? Hã? Tudo muito óbvio e
manjado...
Aliás, o roteiro já é tão manjado
que, se você for uma pessoa que assiste bastante a filmes (mas não muito), já vai
sacar toda a história antes do meio do filme. Não vou dar spoiler, porque chega
a ser irritante de tão óbvio o que está acontecendo! Uma coisa que me incomodou foi quando a raivinha da Cassie, porque o bonitão leu o diário dela, ter passado assim quase do nada. Sem falar
que, convenhamos, o mundo acabando, vou mais é ler o
diário de alguém que acabei de conhecer, né? =P
A fragilidade do plano de Cassie,
associada à facilidade com que ela se infiltra na base militar, só é esquecida
quando o galã resolve ajuda-la e lasca aquele beijão na frente do rebeldinho da
escola! A fuga da base militar é tão bem-feita (SQN), que você pensa “Gente,
isso não é do filme 2012?”, mas com um filme com tantas colagens de filmes
desse gênero, talvez nem ligue.
No final, há um sentimento
confuso de “talvez se o filme fosse maior, e eles tivessem trabalhado mais
alguns pontos” com “puxa, ainda bem que acabou”! Foi difícil ouvir novamente o
discurso de que somos a raça mais foda do universo e que “a esperança nos faz
humanos” e a grande revelação de que os aliens achavam que o amor era uma praga
inútil e sinal de fraqueza dos humanos (ouço isso desde Patrulha Estelar e Macross, ambas dos anos 70). Mas o filme também tem uma frase ótima (mesmo que
batida), quando o rebelde diz que os alienígenas não podem simplesmente exterminar
uma raça inteira apenas para ocupar o território e recebe como resposta um “vocês
fazem isso o tempo todo”! Uuuuhhhhhhh!!!
É, legal, mas a mensagem
ecológica se perde no romance bobo e muitos erros de roteiro e direção. Até
parece que nós é que somos o pequeno Sam (irmão de Cassie), ingênuos e
esperando pela salvação e pelo nosso ursinho de pelúcia (que Cassie carrega por todo
o filme, numa simbologia capenga).
“Que cara, chato! Só fala mal,
parece um velho rabugento! Não gostou de nada no filme?” Gostei da música dos
créditos: https://www.youtube.com/watch?v=t2NgsJrrAyM
Nota de 0 a 10: uns 3 ou 4 melões,
tá bom demais. =P
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