domingo, 4 de maio de 2014

HÁ MUITO TEMPO, NUMA GALÁXIA MUITO, MUITO LONGÍNQUA...



May the Force be With You... Always!





Quando Star Wars entrou na minha vida o primeiro filme ainda era chamado de Guerra nas Estrelas. O primeiro filme da série foi lançado nos cinema em 1977, ano em que nasci (pode me chamar de tiozinho, não ligo), ou seja, a franquia tem a mesma idade que eu: 37 anos!
Mas eu só fui saber de sua existência lá pelos anos perdidos de 1988 ou 1989 (não lembro exatamente), quando os 3 primeiros filmes passavam na TV, dublados, mas já cultuados:


Com meus 11 ou 12 anos, um universo me foi apresentado, rico em personagens e mundos fantásticos, contando a saga do jovem Luke Skywalker e seu amadurecimento enquanto lutava contra o “malvado Império Galáctico”. É fácil entender que Star Wars é um divisor de épocas do cinema norte-americano e mundial, pois para mim, passou a existirem os filmes que eu vi antes de Guerra nas Estrelas, com suas histórias bacanas, mas meio bobas e mais lentas, como A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971), As 7 Faces do Dr. Lao (1963), Alice no País das Maravilhas (1951), Mary Poppins (1964), O Mágico de Oz(1939), todos os filmes dos Trapalhões...

Certo, esses filmes são bacanas, muitos deles são clássicos e eu adoro muitos deles! Certo, entre 1977, quando Star Wars/Guerra na Estrelas foi lançado e o final dos anos 1980, quando eu o assisti, muitos outros filmes foram feitos, já no estilo blockbuster! Mas eu tinha entre 11 e 12 anos e estava passando por um período de mudança, deixando de lado o mundo infantil e vendo aquelas milhões de reprises de A Rena do Nariz Vermelho e os especiais infantis da Globo. Meu pai tinha uma banca de jornal, onde eu trabalhava depois da escola, e onde minha leitura de revistas da Turma da Mônica e da Disney estavam sendo substituídas por coisas como as revistinhas dos X-Men, pelo Sandman, Akira e Ronin do Frank Miller.

Junto com isso, pela TV eu conheci Guerra nas Estrelas, o que me fez esperar para ver as “estreias” dos inéditos da Tela Quente, filmes cheios de aventuras fantásticas com ritmo alucinante, como as trilogias do Indiana Jones e De Volta Para o Futuro, Goonies, Gremlins, O Feitiço de Áquila, Conan, Ruas de Fogo, Os Caça-fantasmas, Willow, Os Aventureiros do Bairro Proibido, Highlander, Mestres do Universo, entre outros... (os filmes dos anos 1980 merecem muitos posts, aguardem!).



Particularmente, os filmes de ficção científica que vieram no embalo de Star Wars eram os meus preferidos. Eu achava os filmes de Star Trek chatos e para mim eram muito mais interessantes filmes como Mercenários das Galáxias, O Último Guerreiro das Estrelas, Tron, Krull, Viagem ao Mundo dos Sonhos, Heavy Metal – Universo em Fantasia e Aliens, O Resgate. Eu passei a sonhar em inventar histórias e criar mundos tão ricos como os de Star Wars, misturando elementos de fantasia com ficção científica, aventuras medievais estilo Senhor dos Anéis com fábulas tecnológicas das mentes de Philip K. Dick e Isaac Asimov.


Para mim, todo um universo de possibilidades se abriu em minha mente, em minha imaginação. E o mesmo aconteceu em outras mentes, sobretudo as norte-americanas, que tinham acesso a toda aquela máquina de criação! Antes que se jogue uma pedra sobre o legado de “cinema pipoca” deixado por George Lucas, eu recomendo que tente entender primeiramente como isso foi importante não só para os envolvidos nos filmes, mas para toda uma indústria, um país e sua cultura, que acabou se espalhando pelo mundo. Efeitos, tecnologias, cargos e todo um sistema de trabalho foi criado em volta dos filmes da saga e das empresas de Lucas, como a Industrial Light and Magic:


Star Wars virou moda e criou toda uma cultura de filmes blockbusters, expandida para quadrinhos, games, séries de TV, desenhos animados, literatura... Talvez graças à série, hoje seja quase que um parâmetro de sucesso quando os fãs de uma ficção usam camisetas, se vestem como os personagens e realizam encontros para ver e discutir a obra!  Essa importância é inegável, ainda mais com tudo que veio depois, com o Universo Expandido da série (um protótipo da transmídia), a trilogia com os episódios que precedem aos filmes antigos e agora, com a compra da franquia pela Disney e a espera pelo Episódio VII da série (pena que nesse processo, a “disneytização” da série causou rachaduras no que já foi criado para o Universo Expandido, mas enfim). Quando vi os filmes no final dos anos 1980, pela TV, e os revi no começo dos anos 1990 várias vezes em VHS (antes de George Lucas fazer as primeiras alterações nos filmes antigos) e fui aos cinemas no final da década de 90 para ver as “novas e remasterizadas versões” nos cinemas, antes da estreia da “nova trilogia”, não era essa importância que fazia eu querer ver e rever os filmes...

Só um bom tempo depois eu soube que o filme era importante e influente, só depois descobri que sua história era construída em cima de um esqueleto narrativo baseado na Jornada do Herói de Joseph Campbell. Até então, era exatamente o sentimento de deslumbre de expectador que me atraía. Estar diante de uma história tão rica e empolgante e querer entrar naquele universo, era algo sem preço...


Por Guerra nas Estrelas no videocassete, DVD, Blu-ray ou no computador para assistir e ouvir o rufar da 20th Century Fox ao início do filme, ver a frase “Há muito tempo atrás, numa galáxia muito, muito distante...”, ver o letreiro inspirado nos film serials de Flash Gordon, ver Darth Vader surgir no meio da fumaça, ver o apelo holográfico da Princesa Léia, ouvir a trilha de Luke com o pôr-do-sol binário, ouvir Obi-Wan falando sobre a Força, ver a Millenium Falcon pela primeira vez, ver Alderaan ser destruído, ver toda a sequencia do resgate atrapalhado da Princesa, o duelo entre Vader e Obi-Wan, a batalha espacial entre Rebeldes e Império (tão copiada até hoje), Luke usando a Força para destruir a Estrela da Morte e toda a comemoração triunfante no final, com a trilha de John Williams que pode ser reconhecida em qualquer lugar do mundo... Mais do que um prazer ou um ritual, é fazer parte de um comportamento e existência social de nossa época! Assim, como a milênios os homens se reuniam em volta da fogueira para ouvir histórias fantásticas de heróis, o sentimento é o mesmo ao assistir a um filme que é a perfeita união de entretenimento e arte!

Depois disso, assistir às sequencias O Império Contra-ataca e O Retorno de Jedi é como assistir a mais 2 episódios daquela série que você não tira o olho, não se mexe no sofá e não vê a hora de assistir a mais um episódio! Assistir ao treinamento de Luke pelo mestre Yoda é como acompanhar a jornada de Locke nas primeiras temporadas de Lost, ver Lando entregar Han Solo para Vader é como assistir ao casamento vermelho de Game of Thrones. O que dizer então do primeiro embate entre Luke e Vader, em que depois você descobre que o pai cortou a mão do próprio filho? Toda aquela armação para salvar Solo de Jabba The Hutt é como o melhor dos inícios de temporadas de séries e aí você já passa o filmes esperando pelo grande final, em que será revelado quem são os filhos de Vader, em que Luke e Vader terão seu combate final e você fica torcendo pela morte do Imperador tanto quanto torcemos pela morte de Joffrey em Game of Thrones. A destruição da nova Estrela da Morte e o final romântico entre Solo e Léia é só um detalhe, um brinde...

Aí é claro que você espera pela melhor trilogia de todas quando George Lucas anuncia novos filmes que contarão o início da história. E desta vez com recursos digitais que não teve à sua disposição nas décadas de 1970 e 1980. Quando a expectativa é muito alta, claro que nos decepcionamos... Mas nem por isso a nova trilogia deve ser excomungada dessa mega saga a qual já nos tornamos parte de um culto quase religioso... 


E agora, um desses como a gente, fã, assume a tarefa de nos trazer novos capítulos dessa história, que está longe de terminar!


Se J.J. Abrams fizer com Star Wars o que Russell T. Davies fez com Doctor Who, só devemos esperar pelo melhor! Uma nova fase para uma nova geração, de muitos novos fãs entusiasmados, perplexos diante das telas dos cinemas, TV, tablets... Ávidos por novos capítulos da história mais fantástica de todos os tempos!

Me empolguei? Talvez... Mas é bom lembrar que um dia uma criança como eu esteve diante de um filme que mudou sua vida para sempre, que lhe trouxe um estímulo à imaginação, de forma empolgante e fantástica.Me fazendo crer que era possível aos seres humanos entreter-se com historias maravilhosas e bem construídas, que unindo as ferramentas que só o audiovisual tem à sua disposição todas em um único lugar (imagem, som, música, movimento).

Você pode levantar a bandeira “contra Hollywood”, dizer que o cinema tem que fazer “filme de arte” ou envolver “questões sociais” ou “experimentais”... Mas a verdade é que eu, como todo brasileiro pobre e de classe média baixa, que foi formado nos anos 1980 e 1990, alimentado por produções hollywoodianas, acho que se você vai gastar milhões (seja 1 milhão ou 100 milhões) e empregar dezenas de profissionais na realização de um filme, é quase que uma obrigação empenhar esse dinheiro e esforço numa obra que o máximo de pessoas possa assistir e sair do cinema ou da frente da TV com um sentimento misto de êxtase, perplexidade e encanto. E melhor ainda se você fizer isso com uma história rica visualmente e narrativamente, que entretêm e inspira a quem assiste. Eu tiro o chapéu para qualquer filme de Star Wars mais do que para qualquer filme que valorize a malandragem e idolatre a criminalidade, a sexualidade e a miséria!

Não é alienação, é diversão e cultura. É o que você escolhe para preencher sua vida e que tipo de energia você quer trazer para dentro dela.

Há 37 anos, nós fomos presenteados com Star Wars e há mais ou menos 25 ou 26 anos, sagas fantásticas e mundos mágicos passaram a permear minha imaginação. E só tenho a agradecer por isso, todos os anos...

Que a Força esteja com você! ;)





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